A Controladoria-Geral da Colômbia acusou nesta quinta-feira 28 ex-funcionários e empreiteiras, entre elas a construtora brasileira Camargo Correa, por suposta responsabilidade fiscal no atraso e sobrecusto milionário das obras em andamento da maior hidrelétrica do país.
O órgão de controle informou ter detectado "uma sucessão de erros" que impediu a entrada em operação do projeto Hidroituango em 2018, como previsto.
A Controladoria acusou funcionários e empreiteiras de terem incorrido em "falhas e improvisos" que levaram a um "aumento excessivo de seus custos". Com orçamento inicial de 1,7 bilhão de dólares, a construção passou a valer o equivalente a 3,7 bilhões.
A autoridade também distribuiu responsabilidades entre os acusados pela "grave contingência" que sofreu a megaobra em abril de 2018, quando um bloqueio no único túnel de drenagem da barragem obrigou a evacuação de 25 mil pessoas. Os investigadores estimaram uma perda de lucro equivalente a 312 milhões de dólares e uma perda de valor da hidrelétrica de 823 milhões.
A Camargo Correa deverá responder especificamente por "atrasos sistemáticos" na construção, que teve início em 2010, no noroeste da Colômbia, entre os municípios de Ituango e Puerto Valdivia, precisou a Controladoria. A AFP procurou a empresa após o anúncio do órgão de controle, mas não obteve resposta.
-Obra problemática-
Após a acusação, terá início um processo por responsabilidade fiscal, que não implica em ação penal, mas que poderia resultar em um embargo de ativos.
As obras da Hidroituango estão a cargo do consórcio CCC Ituango, formado pela Camargo Correa (55%) e as colombianas Conconcreto (35%) e Coninsa-Ramón H (10%). O projeto deve atender um quinto da demanda energética do país. Segundo o novo cronograma de obras, a Hidroituango poderia iniciar suas operações em 2022.