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Estado de Minas

Multidão se despede de Vázquez em cortejo fúnebre


06/12/2020 16:31

Milhares de uruguaios foram às ruas de Montevidéu para se despedir do ex-presidente uruguaio Tabaré Vázquez (2005-2010 e 2015-2020), proeminente figura da esquerda latino-americana, que morreu na madrugada deste domingo (6), aos 80 anos, em decorrência de um câncer de pulmão.

Após cerca de uma hora de trajeto, o cortejo, que partiu do centro da capital, chegou ao cemitério de La Teja, bairro natal do ex-presidente, onde a família fez uma breve homenagem. O corpo de Vázquez foi enterrado sob aplausos de seu círculo mais íntimo.

"Com profunda dor, comunicamos o falecimento de nosso amado pai de causas naturais ligadas à sua doença oncológica", informaram mais cedo, em comunicado, os filhos do ex-presidente, Álvaro, Javier e Ignacio Vázquez.

No Twitter, Álvaro, oncologista de profissão, como seu pai, indicou que "enquanto descansava em casa, acompanhado de alguns familiares e amigos, por causa de sua doença, Tabaré faleceu".

"Em nome da família, queremos agradecer a todos os uruguaios pelo carinho recebido por ele ao longo de tantos anos", acrescentou.

O presidente Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional (centro-direita), que recebeu a faixa presidencial das mãos de Vázquez em 1º de março, disse no Twitter que seu antecessor "enfrentou sua última batalha com coragem e serenidade".

"Tivemos momentos de diálogo pessoal e político que valorizo e lembrarei. Ele serviu a seu país e com base no esforço obteve importantes conquistas. Foi o presidente dos uruguaios", declarou Pou, decretando três dias de luto oficial.

- Chuva de reconhecimentos -

Vázquez foi diagnosticado em agosto de 2019 com câncer de pulmão, quando ainda era presidente, um mês após perder a mulher, María Auxiliadora Delgado, de quem foi companheiro por mais de 50 anos. "Quero ser lembrado como um presidente sério e responsável", disse no programa "El Legado", do Canal 10, exibido há uma semana.

Oncologista e ex-dirigente do clube de futebol local Progreso, foi o primeiro candidato da coalizão de esquerda Frente Amplio (FA) a se tornar prefeito de Montevidéu em 1989, e chegar à presidência - após duas tentativas frustradas - em 2005, quebrando com a hegemonia dos tradicionais Partido Colorado e do Partido Nacional.

A FA também comunicou no Twitter "com profunda dor" a morte de seu "presidente honorário, Tabaré Vázquez. Seu exemplo de integridade política e compromisso inabalável com nosso país e com o povo nos levará a continuar seu legado", enfatizou.

"Estou aqui porque ele foi o primeiro presidente de esquerda do nosso país e porque, em 2004, ele mudou a vida de todos, isso é inegável", declarou a professora de história Paula Fabra, 23, uma das dezenas de pessoas reunidas em frente ao cemitério. "Como pessoa que nasceu em um bairro pobre, ele mudou a minha vida com o acesso à tecnologia por meio do Plano Ceibal", assinalou, citando um programa emblemático do ex-presidente que entregou notebooks aos estudantes do sistema público.

Vários líderes da região destacaram nas redes sociais a honestidade de Vázquez e seu compromisso com a inclusão. No Uruguai, multiplicaram-se as despedidas e condolências de autoridades de todo o espectro político.

Milhares de pessoas a pé ou em seus veículos uniram-se ao cortejo fúnebre agitando bandeiras do Uruguai e da FA. Familiares de Vázquez indicaram que, devido aos protocolos da pandemia, optaram por não realizar um velório.

Às 13h locais, o cortejo fúnebre partiu da Esplanada da Administração Municipal de Montevidéu, no centro da capital, para o Cemitério La Teja. "Pedimos à população que nos acompanhe nesses atos em suas casas, por meio da cobertura jornalística", destacaram os parentes do ex-presidente.

A família de Vásquez também solicitou "veementemente aos que optarem por saudar pessoalmente a procissão, que o façam desde as calçadas, evitando aglomerações, mantendo distância física, usando máscaras faciais e tomando todas as medidas sanitárias estabelecidas pelas autoridades competentes".

A FA pediu aos uruguaios que, às 21h, "abram as portas e janelas de suas casas e coloquem para tocar o texto de Mario Benedetti transformado em música por Joan Manuel Serrat 'Defender la Alegría' (https://www.youtube.com/watch? v = 1FY43hUjIIo) e, em seguida, aplaudam por cinco minutos".


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