Jornal Estado de Minas

Diminuição recorde de 7% nas emissões de CO2 em 2020 é relacionada às medidas contra covid

As emissões de CO2 de origem fóssil registraram queda recorde de 7% em 2020 devido às medidas de confinamento aplicadas contra a pandemia da covid-19, de acordo com o balanço anual do Global Carbon Project (GCP) publicado nesta quinta-feira (10).

O relatório analisa as emissões anuais de CO2 de origem fóssil e sua persistência na atmosfera, responsáveis pelas mudanças climáticas e suas consequências catastróficas.





Este relatório é publicado regularmente na Conferência do Clima da ONU (COP).

Neste ano, sua publicação ocorre em um contexto particular, pois a 26ª reunião da COP marcada para Glasgow, na Escócia, foi adiada por um ano.

Uma cúpula virtual será realizada neste sábado entre vários chefes de estado para celebrar o quinto aniversário do Acordo de Paris.

Os resultados também são inéditos, com estimativa de queda de 7% nas emissões globais de CO2 fóssil no ano, ou 2,4 bilhões de toneladas. No auge do confinamento, no meio do ano, as emissões chegaram a ter queda de 17% em relação a 2019.

Nunca antes se observou uma diminuição dessa magnitude, de acordo com uma nota divulgada pela imprensa. Nas crises mundiais anteriores (1945, 1981, 1992, 2009), as emissões nunca ultrapassaram 900.000 toneladas.

"A diminuição das emissões em 2020 parece mais pronunciada nos Estados Unidos (-12%), na UE-27 (-11%) e na Índia (-9%) e menos na China (-1,7%), (...) onde as medidas de restrição foram colocadas em prática no início do ano e foram mais limitadas em tempo", explica o comunicado.





Na China, as emissões aumentaram 2% em 2018. "Se não houvesse covid-19, esse crescimento provavelmente continuaria", disse Philippe Ciais, pesquisador do Laboratório de Ciências Climáticas e Ambientais, em uma entrevista coletiva.

- Aumento esperado em 2021 -

Por setor, as reduções nas emissões de CO2 foram maiores no transporte de superfície, que representa 21% das emissões globais. Elas foram "reduzidas pela metade nos países com maior confinamento", segundo o comunicado.

As emissões na aviação despencaram 75%, mas representam apenas 2,8% das emissões mundiais, embora não parem de crescer.

As emissões da indústria (22% das emissões mundiais) "foram reduzidas em 30% nos países com confinamento mais rígido".

Por um longo período de tempo, "o crescimento das emissões globais foi de 0,9% ao ano em média entre 2010 e 2019", depois de 3% ao ano entre 2000 e 2009. Portanto, isso não é suficiente para reduzir o efeito estufa e seus impactos, pois as emissões de CO2 continuam elevadas.

Além disso, esse declínio relacionado à crise do coronavírus deve ter vida curta. Na China, "as emissões voltaram ao nível anterior em abril", lamentou Philippe Ciais. "Pode-se esperar um aumento em 2021", acrescentou.

"É uma queda temporária. A maneira de mitigar as mudanças climáticas não é interromper as atividades, mas acelerar a transição para a energia de baixo carbono", insiste o pesquisador.

Além disso, a diminuição das emissões de CO2 não leva à redução da concentração de CO2 na atmosfera, observou.

"A grande questão é se os investimentos relacionados com a recuperação econômica permitirão um aumento real da energia de baixo carbono e uma redução visível das emissões", concluiu Ciais.





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