O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, assegurou que a história mostra que o coronavírus "não será a última pandemia" e lembrou que os avanços sanitários serão insuficientes se não houver mudanças com relação ao aquecimento global e o bem-estar animal.
"Gastamos dinheiro quando eclode a crise, mas quando acaba, nos esquecemos e não fazemos nada para prevenir a seguinte. É o perigo dos comportamentos de curto prazo", lamentou, em uma mensagem de vídeo gravada para a comemoração no domingo do primeiro Dia Internacional da Preparação para as Epidemias.
Enquanto isso, começaram a ser entregues em hospitais e armazéns da UE os primeiros lotes de vacinas produzidas pelos laboratórios americano Pfizer e alemão BioNTech.
Como já aconteceu em Estados Unidos, Reino Unido, Chile, Suíça, Costa Rica e México, os primeiros cidadãos a receber a vacina serão pessoas com idade avançada e pessoal sanitário. Cada país estabelecerá suas prioridades e a maioria das nações prevê distribuí-las a partir de domingo.
Mas na Alemanha a vacinação começou neste sábado e a primeira pessoa imunizada foi Edith Kwoizalla, de 101 anos, que mora em uma residência para idosos no leste do país.
A Hungria também foi um dos primeiros países da UE a vacinar e a partir deste sábado imunizou seu pessoal médico, pouco depois de o fármaco chegar a território húngaro. A Eslováquia fez o mesmo.
A vacina, um dos bens mais valiosos neste momento em todo o mundo, chega em caminhões frigoríficos que deixam a fábrica da Pfizer em Puurs, nordeste da Bélgica, escoltados por forças de segurança.
Na Espanha, um caminhão levou a carga com imunizantes para o centro de armazenamento da Pfizer em Guadalajara (centro).
As autoridades do país, que soma 50.000 mortes pelo coronavírus, esperam vacinar até junho entre 15 e 20 milhões de pessoas de uma população de 47 milhões.
Na Itália, onde as vacinas chegaram na sexta-feira pela fronteira austríaca, a primeira pessoa a ser vacinada será uma enfermeira italiana de 29 anos em um hospital de Roma.
A Itália é o país mais enlutado da Europa nesta pandemia, com 71.000 mortes, mas segundo pesquisas, apenas 57% da população quer se vacinar, apesar de os cientistas estimarem que a imunidade efetiva ocorrerá quando de 75% e 80% da população estiver imunizada.
Na França, onde mais de 62.000 pessoas morreram de covid-19, as primeiras injeções serão aplicadas em dois lares para idosos.
- A nova cepa se espalha -
Os casos de pessoas contaminadas pela nova variante do coronavírus, surgida no Reino Unido, continuaram aparecendo em vários países neste sábado, como no Canadá, onde um casal sem antecedentes de viagens teve o contágio confirmado.
Itália, Suécia, Espanha e Japão também registraram casos da nova cepa, após terem sido detectados contágios em países como França, Alemanha, Líbano e Dinamarca.
Desde 20 de dezembro, os moradores de várias regiões da Inglaterra são submetidos a um confinamento para tentar frear a disseminação desta nova variante do vírus, a princípio mais contagiosa. Neste sábado, um total de 24 milhões de pessoas, ou 40% da população da região, devia permanecer em suas casas.
Após confirmada esta mutação do vírus, só detectada se for analisado o sequenciamento de seu genoma após um teste de PCR, muitos países fecharam suas portas com o Reino Unido e alguns mantêm até hoje estas restrições em suas conexões aéreas, marítimas ou terrestres.
Enquanto isso, o Japão anunciou neste sábado que proibirá a chegada de estrangeiros não residentes ao seu território entre a próxima segunda-feira e o final de janeiro, depois do registro no país asiático dos primeiros contagiados com a nova cepa.
Em todo o mundo, a pandemia já matou mais de 1,75 milhão de pessoas e provocou quase 80 milhões de contágios.
Na China, onde o vírus surgiu no fim de 2019, os dirigentes do Partido Comunista (PCC) comemoraram o "extraordinário" êxito do país frente à pandemia, oficialmente erradicada em seu território, dias antes da chegada de uma missão da Organização Mundial da Saúde (OMS), que tentará esclarecer as origens do novo coronavírus.
- "Consequências devastadoras" -
Nos Estados Unidos, que se mantêm como o país mais afetado do mundo pela covid-19 em termos absolutos, o presidente eleito, Joe Biden, advertiu neste sábado para as "consequências devastadoras" que sofrerão milhões de cidadãos em dificuldades com a crise provocada pela pandemia se o presidente em fim de mandato, Donald Trump, não sancionar o robusto pacote de ajuda econômica, aprovado pelo Congresso.
Após meses de negociações, os legisladores aprovaram na segunda-feira um pacote de estímulo à economia de US$ 900 bilhões, mas Trump o vetou pedindo, entre outras coisas, um aumento da ajuda paga diretamente aos americanos.
"Só quero que nossos maravilhoso povo tenha 2.000 dólares ao invés dos míseros 600 dólares que estão agora no texto", insistiu neste sábado pelo Twitter.
Enquanto isso, na América Latina e no Caribe, onde já houve 495.000 mortes e 15 milhões de contágios pela covid-19, o México recebeu neste sábado um segundo carregamento com 42.000 doses de vacinas da
Com este novo lote, será dada continuidade ao plano de vacinação lançado no país na quinta-feira, assim como no Chile e na Costa Rica.