"Só ontem foram registrados 53.135 novos casos, a maioria deles estimamos que são da nova variante", muito mais contagiosa e descoberta no país há dez dias, afirmou o ministro da Saúde, Matt Hancock. Os serviços de saúde estão sob "uma pressão muito grande", destacou, com "mais de 21.000 pessoas hospitalizadas" superando os piores níveis registrados na primeira onda em abril.
Um dos países mais castigados da Europa, o Reino Unido registra 72.548 mortes pela COVID-19, sendo 981 delas contadas nas últimas 24 horas, embora com atraso acumulado por vários feriados.
Por suspeitar que disparada de novos casos se deve à nova cepa descoberta há 10 dias, que seria entre 40% e 70% mais contagiosa que as anteriores de acordo com os cientistas do país, o governo do primeiro-ministro Boris Johnson decidiu reforçar as restrições.
Muitas outras áreas do centro, sul e norte da Inglaterra passarão nesta quinta para o nível de alerta 4, em que só permanecem abertos os comércios essenciais e a população deve ficar em casa, anunciou Hancock no Parlamento.
Esta medida, que já afetava Londres havia duas semanas, vai impactar 44 dos 56 milhões de habitantes da Inglaterra. A Escócia continental, o País de Gales e a Irlanda do Norte também ficarão confinados.
Além disso, os estudantes do ensino médio inglês não voltarão às aulas em 4 de janeiro: os que tiverem exames retornarão uma semana depois e, os outros, duas, anunciou o ministro da Educação, Gavin Williamson.
Vacinação, a única esperança
Neste contexto, a autorização da Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos para a Saúde (MHRA) à vacina desenvolvida pelo laboratório britânico AstraZeneca com os cientistas da Universidade de Oxford chega como um balão de oxigênio.
A luz verde "acontece após rigorosos testes clínicos e uma análise profunda dos dados apresentados pelos especialistas", afirmou o Ministério da Saúde.
Os cientistas que assessoram o Executivo explicaram depois em coletiva de imprensa que a vacina oferece proteção a partir de 22 dias após a primeira injeção e por ao menos três meses.
Por isso, e para atingir uma população mais ampla possível, as autoridades britânicas decidiram espaçar consideravelmente, em até 12 semanas em vez das 3 inicialmente previstas, a administração das duas doses necessárias.
"Cientistas e reguladores analisaram os dados e concluíram que obteremos uma 'proteção muito eficaz' com a primeira dose", disse Hancock ao canal Sky News.
"Vacinar o máximo de pessoas"
Embora durante os ensaios clínicos uma administração acidental de meia dose seguida por uma dose completa pareça ter oferecido maior eficácia, a versão final aprovada prevê a injeção de duas vacinas completas.
O chefe do projeto, o professor Andrew Pollard, afirmou à BBC que dispõe de "dados muito sólidos" para embasar este método e que não há "nenhuma evidência" de que a vacina seja menos eficaz contra a nova variante do coronavírus.
Muito mais barata e fácil de administrar que a vacina da - a única aprovada no Reino Unido até agora - porque pode ser armazenada a uma temperatura de entre 2ºC e 8ºC, contra -70ºC do produto da Pfizer, esta vacina era a grande esperança das autoridades britânicas, que já adquiriram 100 milhões de doses de maneira antecipada.
A vacina da AstraZeneca começará a ser aplicada em 4 de janeiro, o que vai acelerar a campanha iniciada em 8 de dezembro com o produto da que, como neste caso, o Reino Unido foi o primeiro país do mundo a aprovar.
Mais de 800.000 pessoas já foram vacinadas e as primeiras delas receberam na terça-feira (29/12) a segunda dose.
Para Johnson, muito criticado por sua gestão da crise de saúde pública, a aprovação da vacina desenvolvida pela equipe do país é um "triunfo da ciência britânica". "Agora vamos vacinar o máximo de pessoas o mais rápido possível", escreveu no Twitter.