Com a demanda superando a capacidade da indústria global de transporte em meio às medidas de restrição social, o impasse está testando a resiliência dos exportadores da China, que sustentaram a recuperação econômica do país durante a pandemia de covid-19. As empresas do setor estão pagando altas taxas de transporte e tendo dificuldades de encontrar contêineres para seus produtos.
Chen Yang, que exporta produtos têxteis de uma empresa pública na cidade de Hefei, disse que seu negócio vai terminar no vermelho por conta dos custos de transportes e não por conta da pandemia ou a guerra econômica entre Estados Unidos e China. "Nunca vi algo como isso em 18 anos como exportador", comentou, dizendo que um contêiner enviado aos EUA no último mês de dezembro custou cerca de US$ 7,5 mil, contra US$ 2,7 mil em abril.
O desbalanceamento na balança global junto com uma queda de eficiência nos portos, em decorrência das medidas sanitárias para evitar o contágio, levou a atrasos em entregas e engarrafamentos de contêineres ao redor do mundo. De acordo com o índice da Sea-Intelligente, somente metade das transportadoras conseguiram manter seu cronograma em novembro, contra 80% um ano antes.
Apesar de o impasse ainda não ter causado problemas na recuperação econômica da China, pode se tornar um desafio para sustentar o forte crescimento nas exportações. Além da falta de contêineres, que estão agendados até o início de março, a valorização do yuan, que subiu 8% ante o dólar nos últimos seis meses, está comprometendo as margens dos exportadores do país.
No início de dezembro, o governo chinês se comprometeu a aumentar a produção de contêineres e monitorar os preços do mercado de transporte para estabilizar os custos, mas isso resolveria apenas a questão no curto prazo, criando uma super oferta de contêineres quando a pandemia acabar. "A real solução para tudo isso é lidar com a pandemia e os gargalos no sistema de logística mundial", dis Charles Du Cane, diretor comercial da Seastar Maritime.
(Fonte: Dow Jones Newswires)