Bolsonaro, chamado no exterior de "Trump Tropical", é um apoiador fiel do presidente americano em fim de mandato, uma posição que ele manteve mesmo após as críticas internacionais no papel de Trump ao encorajar a multidão que invadiu o Capitólio na quarta-feira.
"Basicamente, qual foi o problema, a causa dessa crise toda? Falta de confiança no voto", disse Bolsonaro a apoiadores no Palácio da Alvorada.
"Lá o pessoal votou e potencializaram o voto pelos correios por causa da tal da pandemia e houve gente que votou três, quatros vezes. Mortos votaram. Foi uma festa lá. Ninguém pode negar isso daí", acrescentou.
Autoridades eleitorais americanas, estados e tribunais refutaram as alegações de Trump de que teria ocorrido fraude generalizada na votação de novembro.
Mas Bolsonaro tem se mostrado determinado em apoiar Trump até o fim.
Ele foi o último líder do G20 a reconhecer a vitória do presidente eleito, Joe Biden, o que ele só fez depois que o colégio eleitoral confirmou oficialmente o resultado das eleições de 3 de novembro mais de um mês após o pleito.
Analistas políticos afirmam que a derrota de Trump isola Bolsonaro, que moldou sua própria ascensão à Presidência na trajetória do bilionário republicano, e afeta suas chances de se reeleger em 2022.
À medida que circulavam as imagens chocantes da invasão do Capitólio, em Washington, muitos comentaristas especulavam que o Brasil poderia se encaminhar para uma situação similar no ano que vem, caso Bolsonaro perca.
"Trump fornece roteiro para Bolsonaro em 2020", escreveu o jornalista Igor Gielow na Folha de S. Paulo.
Bolsonaro só fez aumentar estas preocupações ao repetir suas críticas frequentes ao sistema de voto eletrônico brasileiro, que ele alega - sem evidências - ser vulnerável a fraudes.
"Se nós não tivermos o voto impresso em 22, uma maneira de auditar o voto, nós vamos ter problema pior do que os Estados Unidos", insistiu.
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