"Se acreditarmos nas teorias da conspiração, poderíamos pensar que empresas do setor conspiraram para inventar a covid-19 para forçar a transformação digital dos consumidores", brincou David Myhrer, analista da empresa especializada IDC, em coletiva de imprensa sobre as novas tendências.
Myhrer discursou de sua sala, assim como muitos outros palestrantes, já que o CES acontece pela primeira vez inteiramente online, longe dos cassinos de Las Vegas, a cidade que tradicionalmente o hospeda.
O formato virtual parece ter desanimado muitos participantes: 1.800 expositores se inscreveram, contra 4.000 na edição de 2020.
No entanto, o ano passado foi extremamente benéfico para esta indústria.
Os consumidores "não tiveram escolha a não ser adotar as tecnologias", insistiu Myhrer, que prevê uma maior transformação das casas em torno de necessidades profissionais e pessoais.
"Estamos vendo o surgimento de um espaço" na casa dedicado à videoconferência, "que pode ser utilizado por diferentes membros da família", afirma.
De acordo com a IDC, 64,4% dos lares americanos têm pelo menos um dispositivo "inteligente", ou seja, conectado à Internet, como televisores ou alto-falantes ativados por voz.
- "Covid tech" -
Depois da "health tech" (tecnologia da saúde), muito presente na última edição, esta é a vez da "covid tech", com termômetros conectados e robôs desinfetantes para escritórios e outros locais públicos.
"Itens que foram considerados divertidos no ano passado, como purificadores de ar pessoais, serão levados muito mais a sério este ano", disse o analista independente Richard Windsor, autor do blog Radio Free Mobile.
Muitas start-ups buscam atender às necessidades de empresas que desejam reabrir suas instalações e criar as condições para um "novo normal".
A californiana mAIrobotics, por exemplo, oferece câmeras capazes de escanear uma sala para medir a temperatura de todos os presentes, mas também detectar o não uso de máscara ou o não cumprimento do distanciamento social.
Outros dispositivos destinam-se a ajudar a lidar com o isolamento imposto pelas medidas de combate ao coronavírus, incluindo robôs companheiros e sistemas de monitoramento para idosos que vivem sozinhos.
- Uma nova experiência -
A CES contará com mais de 300 palestrantes online e sessões abordando tópicos como privacidade e internet 5G.
Entre os palestrantes estão nomes como os CEOs Mary Barra da General Motors; Hans Vestberg da Verizon; e Corie Barry da Best Buy.
As sessões estarão disponíveis imediatamente para reprodução sob demanda e permanecerão acessíveis até meados de fevereiro, segundo a Consumer Technology Association (CTA), responsável pelo evento.
A partir desta terça-feira, os espectadores poderão clicar nos estandes virtuais para conhecer os novos produtos e participar de palestras.
Algumas apresentações que normalmente atrairiam multidões em Las Vegas estão ocorrendo virtualmente: a Audi está se preparando para lançar seu carro esportivo elétrico, enquanto outras empresas irão lançar dispositivos adaptados para redes sem fio 5G ultrarrápidas.
Em relação ao formato virtual, os organizadores disseram que esperam oferecer um novo tipo de experiência que possa ser útil para o público online, que estimam chegar a 100 mil pessoas.
"A CES é um dos eventos mais vivenciais do mundo, onde os participantes podem ver, tocar e experimentar as últimas inovações", disse a porta-voz do CTA, Jean Foster, durante um encontro com a imprensa pré-evento.
"E embora não possamos recriar a magia que acontece em Las Vegas, podemos fornecer ao nosso público uma experiência digital completa nova e única", acrescentou.
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