O Butantan reforçou o anúncio feito na semana passada de que o imunizante faz com que 78% das pessoas vacinadas, caso sejam infectadas com o vírus Sars-Cov-2, tenham apenas formas leves da doença e evita que 100% desenvolvam formas graves, que precisam de hospitalização.
"Essa vacina tem segurança, tem eficácia, e todos os requisitos que justificam o uso emergencial", afirmou o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas.
Durante os testes não foram registrados efeitos colaterais graves relacionados com a vacina, que tampouco produziu reações alérgicas significativas.
A vacina foi testada em 12.500 voluntários, "profissionais da saúde com contato direto com a covid-19", disse Ricardo Palacios, gerente médico de ensaios clínicos do Butantan, o maior fabricante de vacinas da América Latina, subordinado ao estado de São Paulo.
"Se a vacina resistisse a esse teste, ia se comportar infinitamente melhor em nível comunitário", acrescentou.
A eficácia geral, que inclui os casos leves de covid-19 (que não exigiram nenhum tipo de assistência), mas não os assintomáticos, cumpre com o mínimo de 50% exigido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), embora se situe muito abaixo da eficácia divulgada por outras vacinas, como a americana Moderna (94,1%) e americana-alemã (95%).
O Butantan apresentou na sexta-feira passada junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o primeiro pedido no país para uso emergencial de uma vacina contra a covid-19. Foi seguido poucas horas depois por um pedido similar para a vacina da desenvolvida com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), vinculada ao Ministério da Saúde.
O Butantan foi criticado na semana passada por revelar os dados da CoronaVac sem o percentual global de eficácia, em um momento em que as vacinas viraram tema de disputa política entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria, possíveis adversários nas eleições de 2022.
O Brasil soma mais de 203 mil mortos e 8 milhões de contagiados pela covid-19 e vive desde novembro uma segunda onda da pandemia, que também teve um duro impacto econômico no país.
São Paulo prevê iniciar sua caminha de vacinação contra a covid em 25 de janeiro. Pequim já enviou a São Paulo 10,7 milhões de doses e insumos para fabricar outras 40 milhões.
A Fiocruz prevê, por sua vez, importar dois milhões de doses da vacina da AstraZeneca, produzida pelo Instituto Serum, da Índia.
O Ministério da Saúde ainda não apresentou uma data para o início de seu plano de vacinação.
SÃO PAULO