A possibilidade de investigar o ex-chefe de Estado, que desde agosto reside em Abu Dhabi, em meio a uma avalanche de informações sobre uma suposta fortuna oculta, foi derrubada pela mesa da casa, com votos favoráveis apenas da esquerda radical do Podemos, aliado minoritário dos socialistas no governo.
A rejeição "não tem nenhum argumento legal que a justifique, já que os advogados concordam conosco. Nossa iniciativa é 100% constitucional", reagiu no Twitter Pablo Echenique, porta-voz do Podemos, uma formação abertamente republicana.
O pedido "não é adequado", disse a ministra da Defesa, a socialista Margarita Robles, à rádio Onda Cera, acrescentando que "em uma democracia sólida e séria, não é bom que as instituições sejam questionadas."
Com a oposição dos socialistas e da direita, o Congresso rejeitou vários outros pedidos para investigar a fortuna de Juan Carlos de Borbón em 2020.
Pela primeira vez, os advogados do Parlamento e seus assessores jurídicos deram o seu aval à investigação. Até então, eles se opunham, invocando a inviolabilidade de quem foi chefe de estado entre 1975 e 2014.
O Podemos e outros partidos regionais pedem a investigação do suposto uso do rei emérito de cartões de crédito vinculados a contas de terceiros, incluindo um empresário mexicano. Os fatos teriam ocorrido após sua abdicação em 2014 e constituiriam crime de lavagem de dinheiro.
O pai do atual rei Felipe VI pagou 678.393 euros ao Tesouro espanhol em dezembro para evitar que o caso fosse ao tribunal, mas a promotoria ainda não decidiu se o arquivará ou não.
Esta é uma das três investigações de Juan Carlos I realizadas pelo Ministério Público espanhol.
Uma delas apura se, em 2011, o então monarca cobrou comissão de um consórcio de empresas espanholas por um contrato para um trem de alta velocidade na Arábia Saudita.
A procuradoria também investiga uma suposta lavagem de dinheiro, vinculada, segundo a imprensa espanhola, a uma conta milionária na ilha britânica de Jersey.
MADRI