"A economia alemã entrou em recessão profunda, depois de uma década de crescimento", disse o instituto de estatística Destatis em sua apresentação de dados preliminares nesta quinta-feira (14).
A queda da primeira economia da zona euro em 2020 (-5%) é histórica: desde a reunificação, apenas o ano de 2009, em meio à crise financeira, foi pior (-5,7%).
O recuo é, apesar de tudo, menos grave do que o estimado pelo governo, que previa queda de 5,5%. E a Alemanha se sairá melhor do que outros países europeus, como França (-9,3%), Itália (-9,0%), ou Espanha (-11,1%), de acordo com projeções do Banco Central Europeu.
"Em relação aos temores iniciais (...), a economia alemã limita os danos", estima Fritzi Köhler-Geib, economista-chefe do banco público KFW.
Essa situação se deve, principalmente, aos bons resultados da indústria, embora desde novembro novas restrições estejam em vigor no país para conter a propagação do vírus.
Em comparação com a brutal desaceleração da primavera boreal (outono no Brasil), o setor industrial, pilar do modelo econômico, não apresentou redução da atividade no final do ano. Pelo contrário: as encomendas à indústria manufatureira cresceram 2,3% em novembro, o maior valor desde o início da crise, e a produção cresceu 0,9% em um mês.
Há vários meses, estes dois índices têm progredido, graças ao dinamismo do mercado chinês, um dos principais clientes da Alemanha.
- 'Impacto menos duro' -
"A economia alemã foi menos afetada no segundo confinamento do que no primeiro", confirma o presidente do instituto Destatis, Georg Thiel.
No quarto trimestre, o PIB teria de mostrar "estagnação", segundo o economista Uwe Burkert, do banco LBBW, longe da queda histórica de 9,8% no segundo trimestre, mas experimentará uma desaceleração em relação ao aumento do verão (inverno no Brasil).
As perspectivas para 2021 não são claras, e a esperança de uma clara recuperação está diminuindo, observam os economistas.
As restrições que se mantêm e as medidas de apoio financeiro serão "decisivas para a evolução da situação econômica mundial", insiste Georg Thiel, da Destatis.
Berlim prevê um crescimento de 4,4% em 2021, e de 2,5%, em 2022, ou seja, um retorno à dinâmica de "antes da crise".
O futuro da economia alemã vai depender da evolução da situação da saúde, corrobora a comissão de especialistas em economia que assessora o governo.
"Se, em fevereiro ou março, aliviarmos um pouco as restrições, teremos um crescimento forte no segundo trimestre, como neste verão", considerou o presidente do comitê, Lars Feld, em entrevista ao jornal Handelsblatt.
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