Milhares de emigrantes que viajam a pé em uma caravana de Honduras aos Estados Unidos passam pela Guatemala neste sábado (16/01), a caminho do México, o próximo obstáculo a ser superado em busca de melhores condições de vida, que aspiram obter no futuro governo de Joe Biden. As autoridades guatemaltecas contabilizaram cerca de 9 mil migrantes, entre os que entraram na noite de sexta-feira (15/01) e um último grupo que conseguiu passar pela fronteira de El Florido, 220km a leste da Cidade da Guatemala, na manhã deste sábado.
A decisão de não enfrentar os migrantes, segundo um policial, foi tomada ao constatar que no grupo havia muitas famílias com menores de idade. Usar gás lacrimogêneo com crianças poderia ser fatal, detalhou. Os policiais não carregavam armas de fogo.
Os últimos migrantes atravessaram a fronteira de forma ordenada e sem muita resistência, e como o resto, ignoraram a exigência de apresentação de documentos e um teste negativo para COVID-19.
A crise após a passagem de dois furacões em novembro e a falta de empregos devido à pandemia agravaram os problemas econômicos do país, que se somaram à violência associada às gangues e ao tráfico de drogas.
"Meu sonho é chegar aos Estados Unidos, comprar minha casinha porque estou farto de viver de aluguel e de trabalhar para outras pessoas", disse Melvin Fernández, um motorista de táxi do porto caribenho de La Ceiba, que viaja com sua esposa e três filhos de 10, 15 e 22 anos, ao lado da multidão.
Diante da situação, o governo guatemalteco lamentou a "transgressão" de sua soberania nacional. "Alguns grupos infringiram os regulamentos atuais e conseguiram passar para nosso território, violando as disposições legais."
Em nota, pediu a Honduras que "contenha a saída em massa de seus habitantes, por meio de ações preventivas de caráter permanente", apelo que já havia feito em outubro, quando outra caravana de cerca de 4 mil migrantes foi dissolvida na Guatemala.
"Vamos com o coração partido. No meu caso, deixo minha família. Meu marido e meus três filhos ficam", disse Jessenia Ramírez, 36 anos. "Procuramos um futuro melhor, um trabalho para poder enviar alguns centavos" a Honduras, acrescentou.
Depois de percorrer 450km dentro da Guatemala, a maior parte da caravana tentará entrar no México pela passagem de Tecún Umán, no sudoeste, segundo o Escritório de Migrações.
Muitos participantes desta caravana estão convencidos de que o presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, que toma posse no dia 20 de janeiro, será mais flexível do que seu antecessor, Donald Trump, com as regras de imigração. "Biden deveria dar àqueles que já estão lá uma chance de trabalhar", disse Ramírez.
O próprio Trump estendeu a "emergência nacional" na fronteira com o México na sexta-feira, imposta pela primeira vez em fevereiro de 2019 para desbloquear fundos e construir seu tão anunciado muro.´
É necessária mais ação para enfrentar a crise humanitária e controlar a migração ilegal e o fluxo de narcóticos e criminosos", disse um comunicado da Casa Branca. Mais de uma dúzia de caravanas, algumas com milhares de migrantes, deixaram Honduras desde outubro de 2018, mas encontraram milhares de militares e guardas posicionados por Trump na fronteira sul dos EUA com o México.
A decisão de não enfrentar os migrantes, segundo um policial, foi tomada ao constatar que no grupo havia muitas famílias com menores de idade. Usar gás lacrimogêneo com crianças poderia ser fatal, detalhou. Os policiais não carregavam armas de fogo.
Os últimos migrantes atravessaram a fronteira de forma ordenada e sem muita resistência, e como o resto, ignoraram a exigência de apresentação de documentos e um teste negativo para COVID-19.
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A crise após a passagem de dois furacões em novembro e a falta de empregos devido à pandemia agravaram os problemas econômicos do país, que se somaram à violência associada às gangues e ao tráfico de drogas.
"Meu sonho é chegar aos Estados Unidos, comprar minha casinha porque estou farto de viver de aluguel e de trabalhar para outras pessoas", disse Melvin Fernández, um motorista de táxi do porto caribenho de La Ceiba, que viaja com sua esposa e três filhos de 10, 15 e 22 anos, ao lado da multidão.
"Vamos com o coração partido. No meu caso, deixo minha família. Meu marido e meus três filhos ficam"
Jessenia Ramírez, 36 anos, de Honduras
Diante da situação, o governo guatemalteco lamentou a "transgressão" de sua soberania nacional. "Alguns grupos infringiram os regulamentos atuais e conseguiram passar para nosso território, violando as disposições legais."
Em nota, pediu a Honduras que "contenha a saída em massa de seus habitantes, por meio de ações preventivas de caráter permanente", apelo que já havia feito em outubro, quando outra caravana de cerca de 4 mil migrantes foi dissolvida na Guatemala.
Esperança em Biden
Após entrar no território da Guatemala, alguns grupos foram em busca de instituições de apoio aos migrantes e outros receberam suporte da Cruz Vermelha e do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR)."Vamos com o coração partido. No meu caso, deixo minha família. Meu marido e meus três filhos ficam", disse Jessenia Ramírez, 36 anos. "Procuramos um futuro melhor, um trabalho para poder enviar alguns centavos" a Honduras, acrescentou.
Barreira no México
A maioria vai a pé e alguns pedem carona. No caminho, ainda encontrarão vários postos de controle da polícia na Guatemala antes de chegar à fronteira com o México, que já anunciou que "não permitirá a entrada irregular de caravanas de migrantes" e posicionou 500 agentes em Chiapas e Tabasco, estados da fronteira.Depois de percorrer 450km dentro da Guatemala, a maior parte da caravana tentará entrar no México pela passagem de Tecún Umán, no sudoeste, segundo o Escritório de Migrações.
Muitos participantes desta caravana estão convencidos de que o presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, que toma posse no dia 20 de janeiro, será mais flexível do que seu antecessor, Donald Trump, com as regras de imigração. "Biden deveria dar àqueles que já estão lá uma chance de trabalhar", disse Ramírez.
Sem tratamento especial
Mas Washington já descartou a possibilidade de tratamento especial. "Não desperdice seu tempo e dinheiro e não arrisque sua segurança e saúde." "É uma viagem mortal", disse o comissário em exercício da Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) dos EUA, Mark A. Morgan.O próprio Trump estendeu a "emergência nacional" na fronteira com o México na sexta-feira, imposta pela primeira vez em fevereiro de 2019 para desbloquear fundos e construir seu tão anunciado muro.´
É necessária mais ação para enfrentar a crise humanitária e controlar a migração ilegal e o fluxo de narcóticos e criminosos", disse um comunicado da Casa Branca. Mais de uma dúzia de caravanas, algumas com milhares de migrantes, deixaram Honduras desde outubro de 2018, mas encontraram milhares de militares e guardas posicionados por Trump na fronteira sul dos EUA com o México.
Ainda assim, convocados nas redes sociais, eles insistem nessa longa jornada que, se concluída, os fará percorrer mais de 5 mil quilômetros.