"Ontem dei a boa notícia ao governador do estado do Amazonas, Brasil, de que hoje, sábado, os primeiros caminhões de cilindro com milhares de litros de oxigênio partem (...) para Manaus", escreveu no Twitter o chanceler Jorge Arreaza.
O governo venezuelano ainda não respondeu a um pedido da AFP para especificar o número de caminhões enviados, se a missão já partiu e se recebeu autorização do governo da direita de Jair Bolsonaro, que não reconhece Maduro como presidente, mas sim o líder da oposição Juan Guaidó.
O governo Bolsonaro também não se pronunciou até agora.
Uma segunda onda do coronavírus sobrecarregou hospitais do Amazonas e praticamente esgotou suas reservas de oxigênio.
Já no ano passado, haviam sido registrados enterros em massa e um colapso de seu sistema de saúde.
Imagens nas redes sociais de pessoas carregando tanques para hospitais, histórias de médicos tendo que ventilar manualmente seus pacientes e de pacientes morrendo de asfixia escandalizaram o Brasil; enquanto o governo local impôs um toque de recolher por 10 dias para tentar conter a situação.
O governo federal informou que está enviando cilindros de oxigênio de outros estados e que começou a transportar pacientes para outras regiões.
- "Amazonas agradece" -
Arreaza já havia anunciado na última quinta-feira que o governo iria "imediatamente" colocar à disposição do Amazonas "o oxigênio necessário para atender à contingência".
"O povo do Amazonas agradece", respondeu o governador Wilson Lima, do PSC, partido aliado a Bolsonaro.
A Venezuela, entretanto, enfrenta o colapso de seu próprio sistema de saúde, com escassos suprimentos médicos ou material de proteção contra a covid-19, como parte da mais profunda crise econômica de sua história recente.
Jaime Lorenzo, membro da ONG Médicos Unidos Venezuela, explicou à AFP que não há falta de oxigênio nos hospitais venezuelanos, segundo seu último balanço de novembro de 2020, mas que a infraestrutura para lidar com problemas respiratórios é muito precária.
"Você pode ter oxigênio, mas se não tiver o equipamento, como cuida do paciente?", questionou.
No entanto, no estado venezuelano de Táchira, na fronteira com a Colômbia e duramente atingido pela pandemia, há pessoas que precisam ir ao mercado negro para comprar oxigênio.
Magaly Castro, uma cabeleireira de 49 anos, pagou 30 dólares por uma mamadeira para seu filho doente, quase 15 vezes a renda mínima, consumida pela hiperinflação galopante.
"Isso é muito difícil", disse Castro. "Recentemente, vendi um ar condicionado e uma geladeira que usava e estou gastando (essas economias) nisso, que é uma emergência."