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Estado de Minas PANAMÁ

Oprimido pela pandemia, Panamá usa hospital inacabado da construtora de Slim


18/01/2021 20:49 - atualizado 18/01/2021 21:25

O Panamá permitiu nesta segunda-feira (18) que um hospital inacabado e questionado, construído por uma empresa do magnata mexicano Carlos Slim, tratasse pacientes com covid-19, em meio a um aumento nos contágios e uma angustiante espera pela vacina do laboratório Pfizer.

"Recebemos este prédio com todas as comodidades, com toda a tecnologia e com 300 leitos para atender pacientes com covid-19", declarou o presidente do Panamá, Laurentino Cortizo, durante a visita de inauguração.

Além dos leitos - 85 são para terapia intensiva -, as instalações contam com aparelhos portáteis de ultrassom, aparelhos convencionais de radiologia e consoles com acesso a oxigênio, segundo autoridades.

O centro de saúde está localizado na chamada Cidade da Saúde, um complexo hospitalar nos arredores da Cidade do Panamá, cujas obras, salpicadas por suspeitas de corrupção, foram paralisadas em 2015 pela empresa espanhola Fomento de Construcciones y Contratas (FCC).

A empresa, controlada por Slim, venceu em 2011 uma licitação do seguro social no valor de 554 milhões de dólares para construir a obra.

O projeto incluiu 17 prédios com mais de 1.700 leitos, 50 salas cirúrgicas e 300 consultórios médicos em cerca de 220 mil metros quadrados, mas as obras foram suspensas devido a supostas irregularidades no prédio e nos materiais utilizados.

Pela paralisação das obras, a empresa de Slim reivindica 125 milhões de dólares e a rescisão do contrato, apesar de faltar um terço para sua conclusão.

No entanto, e apesar das disputas, a multinacional espanhola permitiu a adaptação de uma parte do hospital inacabado para tratar pacientes com covid-19, segundo informou à AFP nesta segunda o diretor do Fundo para a Previdência Social, Enrique Lau.

Na Espanha, a justiça acusou a FCC de supostamente ter pago subornos de 82 milhões de dólares por vários projetos no Panamá, incluindo a Cidade da Saúde.

- A espera pela vacina -

A habilitação do hospital ocorreu em meio ao anúncio da chegada da vacina dos laboratórios Pfizer / BioNtech, com os quais o Panamá assinou um contrato de 36 milhões de dólares para receber 3 milhões de doses em etapas.

Segundo o governo, as primeiras 40 mil doses devem chegar esta semana.

"Após quase 11 meses de pandemia, estamos prestes a receber a vacina. Estamos prontos para recebê-la e iniciar o processo de vacinação", mas tudo está condicionado à entrega pelos laboratórios, lamentou Cortizo nesta segunda-feira.

No total, o país centro-americano espera ter 5,5 milhões de doses de três laboratórios diferentes, pelos quais pagará 55 milhões de dólares.

O Panamá, com 4,2 milhões de habitantes, é o país da América Central com mais infecções por covid-19, com mais de 298.000 casos acumulados e 4.787 óbitos.

Em meio a um repique da pandemia, o país registrou em 45 dias mais de um terço (125.000 casos) de infecções acumuladas e um terço do total de mortes (mais de 1.600).

Além disso, cerca de 51.000 pessoas estão em isolamento domiciliar e mais de 2.600 estão hospitalizadas, entre elas 233 em terapia intensiva.

A situação provocou o colapso de necrotérios e hospitais, que obrigaram o governo a cogitar o aluguel de contêineres refrigerados para preservar os mortos.

As autoridades também tiveram que instalar diferentes infraestruturas e hospitais de campanha, além de contratar médicos cubanos para atender aos doentes.


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