Valorização do multilateralismo, boa relação com aliados e preocupação ambiental. Os pilares da política externa proposta por Joe Biden mostram que os Estados Unidos, a partir desta quarta-feira (20/01), devem voltar a desempenhar no contexto internacional o papel que tinham antes da chegada de Donald Trump à Casa Branca. Com a nova política externa, Biden promete buscar o que julga ser a "restauração da liderança moral" dos Estados Unidos e a "liderança pelo exemplo", após quatro anos de isolamento e confronto com nações amigas.
Biden é conhecido por gostar e entender do assunto. Sua experiência com política externa no Senado impulsionou seu nome como vice-presidente de Barack Obama, em 2008. Durante os oito anos na Casa Branca, ele assumiu missões internacionais em nome do presidente, como o relacionamento com países da América Latina.
Hoje, logo após tomar posse, o democrata promete assinar uma ordem para recolocar os EUA no Acordo Climático de Paris - um dos tratados menosprezados por Trump e negociado na gestão Obama-Biden. Trump descartou organizações multilaterais, relações de longa data dos EUA e tinha afeição por autocratas - o que se traduziu em proximidade com regimes da Coreia do Norte e da Arábia Saudita. Biden acredita na construção de soluções conjuntas e quer recolocar o país na mesa das negociações coletivas ao lado de aliados.
"Joe Biden é um internacionalista. Ele acredita em colaborar com outros países. Vamos deixar para trás a política de 'América Primeiro'. Ele terá questões com a China, mas, de uma maneira geral, recolocará o país em uma dinâmica de cooperação multilateral", afirma Michael Traugott, cientista político e professor da Universidade de Michigan.
Ao apresentar os primeiros nomes do governo para política externa, Biden disse que a equipe vai "reunir o mundo" para enfrentar desafios que "nenhuma nação pode enfrentar sozinha". "É tempo de restaurar a liderança americana", costuma dizer o democrata.
A política nacionalista denominada "América Primeiro" norteou as relações externas de Trump, que com seu estilo autoritário e isolacionista entrou em choque com aliados históricos como França, Alemanha e Canadá. A eleição de Biden foi saudada pelos líderes dos três países.
Mas a tensão comercial com a China, uma das principais marcas da gestão Trump, deve continuar. Biden criticou o que considera práticas comerciais abusivas da potência asiática e a falta de proteção a direitos humanos de minorias no país. A visão negativa sobre a relação com a China é crescente entre os americanos - tanto entre democratas como republicanos.
A estratégia, no entanto, tende a mudar. O democrata já criticou a guerra de tarifas iniciada no governo Trump, que considera "errática". O time de Biden defende que a pressão sobre os chineses seja feita por meio de uma união com aliados e uso de mecanismos legais na Organização Mundial do Comércio (OMC) - órgão que sofreu boicote durante o governo Trump.
Na lista de acordos que Trump deixou para trás e Biden planeja restabelecer está o tratado para limitar o programa nuclear iraniano em troca do alívio de sanções.
Uma das críticas ao democrata tem a ver com seu apoio a parte das intervenções militares em outros países. Em 2001, Biden apoiou a invasão no Afeganistão. Depois, como vice, trabalhou para a redução das tropas no país. Em 2003, ele também apoiou a invasão no Iraque, mas durante a campanha disse ter cometido um erro.
Biden colocou as mudanças climáticas entre as quatro prioridades de seu governo durante a transição de mandato e nomeou o ex-secretário de Estado e um dos principais nomes da diplomacia americana, John Kerry, como um czar do tema no Conselho de Segurança Nacional. É a primeira vez que um nome dedicado ao ambiente terá assento no Conselho de Segurança, o que significa que discussões climáticas devem permear toda a política externa. O democrata já prometeu "reunir o mundo" para obter fundos para preservação da Amazônia e disse que haveria consequências econômicas caso o Brasil não se comprometesse em proteger a floresta.
"Biden e o futuro secretário de Estado, Tony Blinken, entendem duas coisas muito claramente. Primeiro, os desafios globais mais urgentes da nossa época devem ser enfrentados em cooperação com os parceiros dos EUA. Biden disse: 'América primeiro tornou a América isolada'", afirma Michael Camilleri, diretor do centro Rule of Law, do instituto InterAmerican Dialogue, e ex-assessor para América Latina durante o mandato de Obama. "Em segundo lugar, eles entendem que a liderança dos EUA ainda é importante e deve ser construída, como disse Blinken, com humildade e confiança", diz Camilleri.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Biden é conhecido por gostar e entender do assunto. Sua experiência com política externa no Senado impulsionou seu nome como vice-presidente de Barack Obama, em 2008. Durante os oito anos na Casa Branca, ele assumiu missões internacionais em nome do presidente, como o relacionamento com países da América Latina.
Hoje, logo após tomar posse, o democrata promete assinar uma ordem para recolocar os EUA no Acordo Climático de Paris - um dos tratados menosprezados por Trump e negociado na gestão Obama-Biden. Trump descartou organizações multilaterais, relações de longa data dos EUA e tinha afeição por autocratas - o que se traduziu em proximidade com regimes da Coreia do Norte e da Arábia Saudita. Biden acredita na construção de soluções conjuntas e quer recolocar o país na mesa das negociações coletivas ao lado de aliados.
"Joe Biden é um internacionalista. Ele acredita em colaborar com outros países. Vamos deixar para trás a política de 'América Primeiro'. Ele terá questões com a China, mas, de uma maneira geral, recolocará o país em uma dinâmica de cooperação multilateral", afirma Michael Traugott, cientista político e professor da Universidade de Michigan.
Ao apresentar os primeiros nomes do governo para política externa, Biden disse que a equipe vai "reunir o mundo" para enfrentar desafios que "nenhuma nação pode enfrentar sozinha". "É tempo de restaurar a liderança americana", costuma dizer o democrata.
A política nacionalista denominada "América Primeiro" norteou as relações externas de Trump, que com seu estilo autoritário e isolacionista entrou em choque com aliados históricos como França, Alemanha e Canadá. A eleição de Biden foi saudada pelos líderes dos três países.
Mas a tensão comercial com a China, uma das principais marcas da gestão Trump, deve continuar. Biden criticou o que considera práticas comerciais abusivas da potência asiática e a falta de proteção a direitos humanos de minorias no país. A visão negativa sobre a relação com a China é crescente entre os americanos - tanto entre democratas como republicanos.
A estratégia, no entanto, tende a mudar. O democrata já criticou a guerra de tarifas iniciada no governo Trump, que considera "errática". O time de Biden defende que a pressão sobre os chineses seja feita por meio de uma união com aliados e uso de mecanismos legais na Organização Mundial do Comércio (OMC) - órgão que sofreu boicote durante o governo Trump.
Na lista de acordos que Trump deixou para trás e Biden planeja restabelecer está o tratado para limitar o programa nuclear iraniano em troca do alívio de sanções.
Uma das críticas ao democrata tem a ver com seu apoio a parte das intervenções militares em outros países. Em 2001, Biden apoiou a invasão no Afeganistão. Depois, como vice, trabalhou para a redução das tropas no país. Em 2003, ele também apoiou a invasão no Iraque, mas durante a campanha disse ter cometido um erro.
Clima
Biden colocou as mudanças climáticas entre as quatro prioridades de seu governo durante a transição de mandato e nomeou o ex-secretário de Estado e um dos principais nomes da diplomacia americana, John Kerry, como um czar do tema no Conselho de Segurança Nacional. É a primeira vez que um nome dedicado ao ambiente terá assento no Conselho de Segurança, o que significa que discussões climáticas devem permear toda a política externa. O democrata já prometeu "reunir o mundo" para obter fundos para preservação da Amazônia e disse que haveria consequências econômicas caso o Brasil não se comprometesse em proteger a floresta.
"Biden e o futuro secretário de Estado, Tony Blinken, entendem duas coisas muito claramente. Primeiro, os desafios globais mais urgentes da nossa época devem ser enfrentados em cooperação com os parceiros dos EUA. Biden disse: 'América primeiro tornou a América isolada'", afirma Michael Camilleri, diretor do centro Rule of Law, do instituto InterAmerican Dialogue, e ex-assessor para América Latina durante o mandato de Obama. "Em segundo lugar, eles entendem que a liderança dos EUA ainda é importante e deve ser construída, como disse Blinken, com humildade e confiança", diz Camilleri.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.