"O mundo livre (...) exige uma solução política negociada. Eu acho, sim, que é preciso construir esse processo de negociação", disse Capriles, que enfrentou Hugo Chávez nas eleições de 2012 e um ano depois, após a morte do então presidente, Nicolás Maduro.
"Do lado do chavismo tem gente que sim, gostaria da negociação", acrescentou em um encontro com correspondentes estrangeiros em Caracas. "No ano passado houve um primeiro esforço, não chegou até o final".
Dois anos depois de Juan Guaidó se proclamar presidente encarregado da Venezuela com apoio internacional, a oposição venezuelana atravessa uma das suas mais duras crises em duas décadas enfrentando o chavismo: dividida e sem poder de convocação.
Maduro mantém o controle territorial e institucional, apoiado pelas Forças Armadas.
"A estratégia tem que mudar", sentenciou Capriles. "Se não tivermos uma estratégia com base na realidade, nossa estratégia nunca vai conseguir avançar", continuou o dirigente, acrescentando ser possível "reunificar a oposição".
Capriles propõe uma "negociação com dois braços": o humanitário, focado em controlar a pandemia de covid-19, que segundo cifras oficiais questionadas deixou quase 1.200 mortos no país; e o político, concentrado em nomear uma nova autoridade eleitoral e estabelecer um cronograma que inclua eleições presidenciais.
Guaidó se recusou a estabelecer negociações com Maduro e propõe manter a pressão com sanções internacionais como as estabelecidas pelos Estados Unidos contra a Venezuela. No entanto, com uma popularidade corroída, o eco de suas convocações a protestos tem sido mínimo nos últimos meses.
A Venezuela tem este ano eleições para governadores e prefeitos, às quais Capriles pede participação se se estabelecem "condições mínimas" via negociação.
O político pede participação da comunidade internacional, os Estados Unidos principalmente.
Capriles promoveu, seu sucesso, a observação da União Europeia nas últimas eleições parlamentares, que terminaram em um boicote dos principais partidos opositores, uma esmagadora vitória chavista e não reconhecidas por Washington e UE.
"Não se trata de ir a qualquer processo eleitoral com os olhos vendados, às cegas", insistiu. "Trata-se de lutarmos todos por condições mínimas... Eles não são democratas, é preciso impor-lhes a democracia".
Já Maduro e seus adversários empreenderam negociações frustradas entre acusações mútuas de descumprimento de acordos.