Esta prolongação "é, sem dúvida, um passo na boa direção", considerou Putin durante discurso em vídeo no Fórum de Davos, acrescentando que a ordem mundial continua correndo o risco de sofrer eventos "de maneira imprevisível e incontrolável".
O New START é o mais recente acordo bilateral desse tipo que liga as duas potências nucleares.
Sua extensão sugere uma melhora no diálogo entre Washington e Moscou, uma semana após a chegada de Joe Biden à Presidência nos Estados Unidos, embora os dois países já tenham alertado que permanecerão firmes em seus interesses nacionais.
"O acordo entre Moscou e Washington fica prorrogado pela máxima duração possível - cinco anos -, até 5 de fevereiro de 2026", afirmou a Duma, em um comunicado publicado em sua página institucional on-line, um dia depois do anúncio de um acordo entre Rússia e Estados Unidos nesse sentido. Faltavam poucos dias para o acordo expirar, no próximo 5 de fevereiro.
O presidente russo indicou que um novo conflito mundial significaria "o fim da civilização" e traçou um paralelo entre "os desafios e ameaças" que se multiplicam no mundo e o ocorrido nos anos 1930 que levou à Segunda Guerra Mundial.
"A amplitude das ameaças (naquela época e hoje em dia) é comparável (...) e nada disso favorece a estabilidade, o caráter previsível das relações internacionais", disse, lembrando que "a incapacidade de resolver este tipo de problema levou à guerra mundial no século XX".
Putin destacou que a pandemia de coronavírus acelerou as transformações sociais, econômicas e políticas em andamento, o que alimenta "as contradições" capazes de desestabilizar a ordem mundial.
- Interrupção com Trump -
O sinal verde da Rússia ocorre um dia após a primeira conversa por telefone entre o presidente russo e seu novo homólogo americano. Durante a Presidência de seu antecessor na Casa Branca, Donald Trump, essas discussões foram interrompidas.
Após a conversa, Washington e Moscou informaram, na terça à noite, terem chegado a um acordo.
O acordo é visto como uma das poucas oportunidades de compromisso entre Moscou e Washington, cujos laços se deterioraram drasticamente nos últimos anos por causa de persistentes desacordos em relação a várias questões internacionais e mútuas acusações de interferência.
Assinado em 2010, o New START limita a 1.550 o número de ogivas nucleares por parte de Rússia e Estados Unidos. Ambos controlam os maiores arsenais nucleares do mundo.
O governo Trump concordou com uma extensão condicional do acordo por um ano, com o objetivo de negociar nesse meio tempo um pacto mais abrangente que incluísse a China. As negociações com Moscou e Pequim não tiveram sucesso.
Essas negociações ocorreram em pleno questionamento e saída de Trump de importantes acordos internacionais, como o acordo nuclear iraniano, o tratado de desarmamento sobre forças nucleares de alcance intermediário (INF) e o tratado de "Céus Abertos", referente à vigilância aérea.
A Alemanha celebrou o pacto, afirmando que traz "mais segurança" para a Europa, e pediu que se reverta "urgentemente" a retirada de Washington de outros acordos nucleares.
"No começo deste ano crucial para o desarmamento e o controle de armas, a prorrogação é um marco importante", declarou o ministro alemão das Relações Exteriores, Heiko Maas.
- Disputas -
Apesar de uma reaproximação sobre o tratado New START, Biden, que é visto como mais ofensivo para a Rússia do que seu antecessor, detalhou na terça-feira os assuntos aos quais se opõe quanto a Rússia de Putin.
Segundo seu porta-voz, o presidente dos Estados Unidos mencionou a "agressão" da Rússia contra a Ucrânia, o "envenenamento" em agosto do opositor russo Alexei Navalny, ou as acusações de interferência eleitoral e de ciberataques russos contra os Estados Unidos.
Na segunda-feira, a diplomacia russa protestou contra o papel da embaixada dos EUA e dos gigantes americanos na Internet durante as manifestações que mobilizaram dezenas de milhares de pessoas na Rússia para pedir a libertação de Navalny.
Um dos últimos chefes de Estado a parabenizar Biden por sua vitória em novembro, Putin declarou no final de dezembro que não esperava uma mudança radical nas relações entre Moscou e Washington.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, enfatizou nesta quarta-feira que as condições para uma "retomada" das relações entre a Rússia e os Estados Unidos "por enquanto" não foram satisfeitas.