A Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) se mostrou "profundamente preocupada" com a escalada de conflitos e a magnitude dos deslocamentos no Sahel, assim como os novos movimentos de população no leste e no Chifre da África e o aumento das chegadas por mar às Ilhas Canárias (Espanha).
Só no ano 2020 foi registrado um total de 1.064 mortes na zona do Mediterrâneo central e ocidental.
"ACNUR pede pouco mais de 100 milhões de dólares para reforçar a proteção dos refugiados nos países africanos a caminho do Mediterrâneo", disse a agência em nota.
"A prioridade máxima é oferecer alternativas seguras e viáveis a essas viagens perigosas caracterizadas pelo abuso e pela morte", acrescentou.
A violência no Sahel já forçou cerca de 2,9 milhões de pessoas a fugir, segundo a ACNUR.
Diante da falta de perspectivas de paz e estabilidade na região, "é muito provável" que haja novos movimentos da população e que muitos continuem tentando a perigosa travessia marítima para a Europa, disse a organização.
Antes de tentar a travessia, muitos fogem para outros países do continente africano.
"Muitas dessas pessoas fogem da violência e da perseguição e possuem imensas e urgentes necessidades de proteção. É essencial que tenham um apoio vital e serviços de proteção nos países para onde fugiram inicialmente", afirmou o enviado especial da ACNUR para o Mediterrâneo central, Vincent Cochetel.
A solicitação de fundos da ACNUR se enquadra no plano de ação estratégica 2021 da organização, cujo objetivo é aumentar o acesso, a identificação e a assistência aos refugiados ao longo de suas travessias, assim como melhorar o acesso à educação e aos meios de subsistência nos países de asilo.
- Itália acusada por naufrágio em 2013-
O Comitê de Direitos Humanos da ONU acusou, nesta quarta-feira, a Itália de ter demorado muito para socorrer uma embarcação com 400 migrantes a bordo no Mediterrâneo em 2013 e na qual morreram 200 pessoas.
"A Itália não respondeu com rapidez aos vários pedidos de socorro de um barco que afundava e no qual viajavam mais de 400 adultos e crianças", disse o comitê em um relatório publicado sete anos após o ocorrido.
Roma também não soube explicar "o atraso no envio de seu barco, o ITS Libra, que se encontrava a apenas uma hora" do local da tragédia, acrescenta.
A decisão do comitê, que não tem caráter vinculante, ocorre após a denúncia de três sírios e um palestino que sobreviveram ao naufrágio, mas cujos familiares perderam a vida.
Os denunciantes chegaram em 10 de outubro de 2013 ao porto líbio de Zuara onde, junto a um grande número de pessoas, partiram rumo à Itália.
A embarcação começou a se afundar rapidamente depois que outro barco disparou em águas internacionais a 113 km ao sul da ilha italiana de Lampedusa.
Os passageiros em apuros ligaram várias vezes para o centro de coordenação dos socorristas de Malta. Quando um barco maltês chegou ao local, a embarcação de migrantes já havia afundado.
O comitê pediu à Itália que investigue o ocorrido e processe os responsáveis, assim como uma indenização adequada para aqueles que perderam suas famílias no naufrágio.
GENEBRA