Jornal Estado de Minas

BRASÍLIA

Variante amazônica do coronavírus predomina em Manaus, provablemente mais contagiosa

A variante do coronavírus detectada no Japão, mas com origem no estado do Amazonas, já é dominante na capital Manaus, o que reforça a suspeita inicial de que possa ser mais contagiosa - explicou o pesquisador Felipe Naveca à AFP.



"Já é dominante em Manaus. Já apareceu em 51% das amostras sequenciadas em dezembro, e agora, até 13 de janeiro, em 91% das amostras. Além disso, está-se espalhando pelo interior do estado. Encontramos em 11 dos 13 municípios que analisamos", ressaltou Naveca, que lidera os estudos de mutações virais naquele estado.

Na terça-feira, os três primeiros casos dessa variante foram detectados no estado de São Paulo.

O país é o segundo com mais mortes por coronavírus, com mais de 218 mil, atrás apenas dos Estados Unidos.

"Todos os indícios já indicavam que é mais contagioso, porque tem mutações que já haviam sido relacionadas à maior transmissão que têm as variantes do Reino Unido e da África do Sul. Agora, esse dado da altíssima frequência com que foi encontrado reforça a suspeita de que seja mais contagiosa", acrescentou o cientista, integrante do Instituto Leônidas e Maria Deane, que trabalha junto à Fundação Fiocruz.

A nova variante, conhecida como Brasil P.1, foi detectada inicialmente no Japão em pessoas que retornavam da Amazônia brasileira.

Depois de essa variante ter sido detectada neste mês no Japão, na Alemanha e no estado de Minnesota, o Brasil tem sido alvo nos últimos dias de medidas para restringir voos para os Estados Unidos, Reino Unido, Itália e Peru.

Segundo Naveca, a Brasil P.1 é uma mutação de "uma das 18 linhagens" de coronavírus que circularam no estado do Amazonas desde o início da pandemia e que se tornou dominante no segundo semestre de 2020.

O pesquisador explica que, com os dados coletados até o momento "não dá para dizer que essa variante é mais letal", embora as autoridades não descuidem que sua disseminação esteja relacionada a um grande aumento de mortes e casos no estado do Amazonas desde o início do ano.

Esse colapso deixou as unidades de terapia intensiva saturadas e dezenas de pessoas morreram sufocadas por falta de oxigênio.



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