Jornal Estado de Minas

BRASÍLIA

Bolsonaro insulta imprensa após matéria sobre gasto milionário com leite condensado

O presidente Jair Bolsonaro mandou jornalistas para a "puta que o pariu" nesta quarta-feira (27) após relatos de que seu governo gastou 15 milhões de reais em leite condensado em 2020.



"Quando vejo a imprensa me atacar, dizendo que comprei 2 milhões e meio de latas de leite condensado. Vai pra puta que o pariu, porra. Essa imprensa de merda, é pra enfiar no rabo de vocês, de vocês da imprensa, essas latas de leite condensado aí", disse Bolsonaro durante um almoço a portas fechadas em um restaurante em Brasília, junto com dezenas de artistas ligados ao seu governo e outros aliados.

De acordo com o vídeo do encontro divulgado nas redes sociais e compartilhado por um assessor do presidente em seu canal no Telegram, as palavras grosseiras do presidente foram recebidas com risos e aplausos da plateia, incluindo seus ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e do Turismo, Gilson Machado Neto.

A Secretaria de Comunicação da Presidência confirmou à AFP que Bolsonaro compareceu ao almoço, mas disse que se tratava de um "compromisso privado", motivo pelo qual a imprensa não esteve presente.

A reportagem que gerou a reação, publicada pelo portal Metrópoles, detalha um gasto total de 1,8 bilhão de reais com alimentos para vários órgãos do governo federal em 2020.



Desse total, 15 milhões de reais aparecem destinados à compra de leite condensado, a maioria (R$ 14 milhões) adquirida pelo Ministério da Defesa, não pela Presidência.

No entanto, as redes sociais foram rapidamente inundada por memes e críticas, atribuindo a compra diretamente ao presidente, que em outras ocasiões já se gabou de comer pão e leite condensado no café da manhã, o que provaria que ele é um "homem simples".

Em nota, o Ministério da Defesa esclareceu que é responsável por fornecer uma "alimentação balanceada" aos mais de 370 mil militares das Forças Armadas e que "o leite condensado é um dos itens que compõem a alimentação por seu potencial energético" e porque eventualmente "pode ser usado em substituição ao leite".

A lista de compras divulgada pelo portal inclui refrigerantes (31,5 milhões de reais), chicletes (R$ 2,2 milhões) e vinhos (R$ 2,5 milhões).

Essa não é a primeira vez que Bolsonaro ataca a imprensa, culpando-a por criar "narrativas" para prejudicá-lo.

Segundo a ONG francesa Repórteres Sem Fronteiras (RSF), em 2020 ocorreram 580 ataques à imprensa brasileira promovidos pelo "sistema Bolsonaro", na maioria dos casos pelo próprio presidente e seu entorno, por meio das redes sociais.

audima