A decisão britânica foi considerada "hostil" na segunda-feira pelos ministros das Relações Exteriores da UE, e o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, reiterou o princípio da "reciprocidade" em uma advertência a Londres.
Neste contexto, o novo embaixador britânico na UE, Lindsay Croisdale-Applebymé, receberá o mesmo tratamento que o representante da UE em Londres, João Vale de Almeida.
Uma reunião programada com Frederic Bernard, chefe de gabinete do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, foi "adiada" até que a disputa seja "resolvida satisfatoriamente", conforme solicitado por Borrell em nome dos 27 países do bloco.
Não se trata de uma medida de represália, mas de uma advertência para garantir a defesa do "status" da representação da UE no Reino Unido, alegou uma fonte europeia.
"Temos 143 representações da UE em todo mundo, e todas elas têm estatuto diplomático em virtude da Convenção de Viena, o que permite a reciprocidade. Esta é a norma", afirmou Borrell, na segunda-feira.
"O Reino Unido seria o único país do mundo que não concordaria em reconhecer o estatuto diplomático da representação da UE, a que tem direito", frisou.
O Reino Unido deixou a União Europeia em 31 de janeiro de 2020. Ao final de um período de transição de 11 meses, liberou-se de todas as normas europeias, ao abandonar o mercado único e a união aduaneira.
Desde então, os litígios se multiplicaram, e as relações sofreram uma virada amarga.
A recusa em conceder "status" diplomático à representação da UE em Londres "é o primeiro sinal que o Reino Unido envia desde sua saída da UE e é um mau presságio para o que virá a seguir", alertou Borrell.
O governo britânico não está disposto a conceder ao novo embaixador da UE o mesmo status reservado aos representantes de países, aceitando conceder-lhe a condição de uma organização internacional.
BRUXELAS