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PIB da Espanha retrocedeu 11% em 2020

O Produto Interno Bruto (PIB) da Espanha retrocedeu 11% em 2020, afetado pelo impacto econômico causado pela pandemia da covid-19 - aponta a primeira estimativa oficial publicada nesta sexta-feira (29) pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).



O percentual se aproxima da previsão do governo espanhol (-11,2%) e melhora notavelmente o prognóstico mais pessimista lançado pelo Fundo Monetário Internacional, de -12,8%.

Muito dependente de setores, como turismo e de restaurantes, a Espanha sofreu mais com a pandemia do que outros países desenvolvidos, como França (-8,3%), Alemanha (-5%) e Estados Unidos (-3,5%).

A quarta economia da zona do euro afundou na primeira parte do ano, devido ao rígido confinamento imposto na primavera boreal (outono no Brasil) para conter a primeira onda do coronavírus. A medida incluiu duas semanas de paralisação total das atividades não essenciais.

O desconfinamento levou a uma forte reativação, mas o aparecimento precoce de focos e as consequentes restrições para controlá-los voltaram a frear o crescimento.

No último trimestre, durante o qual um toque de recolher foi imposto em quase todo país e se limitou a atividade de vários negócios, o crescimento se situou em 0,4% em termos intertrimestrais.



A pandemia interrompeu seis anos de expansão econômica na Espanha, que, uma vez recuperada da dramática crise financeira iniciada em 2008, vinha registrando crescimentos acima da média europeia.

O desastre causado pela covid-19 também foi sentido no mercado de trabalho. Conforme anunciado pelo INE na quinta-feira (28), o país terminou 2020 com mais de meio milhão de desempregados adicionais e uma taxa de desemprego de 16,1%.

O país foi um dos mais atingidos pelo vírus na Europa, com mais de 57 mil mortes e 2,6 milhões de casos confirmados.

Citando estudo do historiador econômico Leandro Prados de la Escosura, a imprensa espanhola destaca que este é o pior desastre econômico para o país desde a Guerra Civil (1936-1939).

"Certamente será o pior resultado de qualquer economia da zona do euro" em 2020, disse Jessica Hinds, analista do grupo Capital Economists, em um relatório.

"O crescimento inesperado da economia espanhola no quarto trimestre contrasta com as quedas do PIB registradas na França ou na Áustria", apontou Hinds.



Mas "o aumento das infecções no início de 2021 obrigou as autoridades regionais a reforçar as restrições, o que pesará sobre a atividade econômica no primeiro trimestre", acrescentou.

"É difícil falar de recuperação econômica neste momento. Os indicadores de saúde continuam a mostrar uma deterioração preocupante", comentou Miguel Cardoso, economista do BBVA Research.

A pandemia interrompeu seis anos de expansão econômica na Espanha, que, uma vez recuperada da nefasta crise financeira iniciada em 2008, registrou crescimento acima da média europeia.

Além disso, 755 mil pessoas continuam nos planos de desemprego parcial habilitados e financiados pelo governo para evitar demissões em massa nos setores sujeitos a mais restrições, como turismo ou restaurantes.

audima