A Promotoria informou que apoia o pedido de prisão do serviço penitenciário russo (FSIN), considerando-o "legal e justificado", em um comunicado divulgado na véspera da audiência em que o opositor russo pode ser condenado a passar de dois anos e meio detido.
O FSIN quer revogar a suspensão da pena de Navalny por ter violado seu controle judicial em um caso que data de 2014.
Esta declaração reflete a determinação das autoridades contra o opositor, apesar das manifestações organizadas no domingo pelo segundo fim de semana consecutivo em mais de uma centena de cidades da Rússia para exigir sua libertação.
De acordo com a ONG OVD-Info, 5.611 pessoas foram presas na Rússia, incluindo 1.800 em Moscou, durante manifestações pró-Navalny no domingo. É um recorde, segundo a ONG, na história moderna do país.
Em São Petersburgo, a segunda maior cidade da Rússia, quase 1.300 pessoas foram presas, acrescentou a ONG, especializada no monitoramento das manifestações.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, considerou a repressão justificada, ao denunciar a participação "de agitadores e provocadores, mais ou menos agressivos para com as forças da ordem".
Militante anticorrupção e principal opositor do Kremlin, Navalny está preso desde 17 de janeiro, quando voltou da Alemanha, onde passou cinco meses após um envenenamento do qual acusa o presidente russo Vladimir Putin.
O motivo da sua detenção foi a violação, segundo as autoridades, das condições da suspensão de uma pena de três anos e meio pronunciada em 2014, e que agora pode ser transformada em pena definitiva.
Navalny corre o risco de dois anos e meio de prisão na terça-feira, pois cumpriu parte de sua pena em prisão domiciliar.
- Condenação internacional -
Os apoiadores de Navalny foram convocados a protestar na terça-feira em frente ao tribunal Simonovski de Moscou, onde o adversário será julgado.
Navalny, de 44 anos, é alvo de vários processos judiciais - difamação, fraude, entre outros - que considera terem motivação política.
Ao mesmo tempo, vários de seus aliados e colaboradores foram colocados em prisão domiciliar ou são objeto de processos judiciais nas últimas semanas.
Alguns podem ser presos por violar as "regras de saúde" de combate ao coronavírus, organizando as manifestações, e outros por incitar menores a participarem de reuniões proibidas.
A esposa de Navalny, Yulia Navalnaya, foi multada em 20.000 rublos (cerca de US$ 260) nesta segunda por participar da manifestação de domingo em Moscou, onde foi detida.
Apesar da repressão, milhares de moscovitas protestaram no domingo, em meio a medidas de segurança excepcionais.
E por todo o país, vários manifestantes ignoraram os avisos do governo e foram às ruas de várias cidades russas, de Vladivostok a São Petersburgo, gritando lemas como "Liberdade!" ou "Putin é ladrão!"
A polícia respondeu prendendo centenas de manifestantes e, em várias cidades, as forças de controle de distúrbios usaram seus cassetetes indiscriminadamente.
O mediador de São Petersburgo, Alexander Shishlov, denunciou "uma operação essencialmente militar".
As condenações internacionais a esta repressão foram unânimes.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, criticou a repressão às manifestações por meio do "uso persistente de táticas brutais" e pediu a "libertação dos detidos, incluindo Alexei Navalny".
O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, denunciou "as prisões em massa" e o "uso desproporcional da força" contra manifestantes e jornalistas, e afirmou que "a Rússia precisa cumprir seus compromissos internacionais".
Borrell deseja se encontrar com Navalny durante sua visita a Moscou de 4 a 6 de fevereiro, anunciou seu porta-voz.
Nesta segunda-feira, a França instou a Alemanha a abandonar o projeto do gasoduto Nord Stream 2 com a Rússia em reação ao caso Navalny.
"Sempre dissemos que tínhamos grandes dúvidas sobre este projeto neste contexto", declarou o secretário de Estado francês para Assuntos Europeus, Clément Beaune, à rádio France Inter.
Mas a porta-voz do governo alemão, Martina Fietz, defendeu o projeto nesta segunda e destacou que Berlim não mudou "sua posição" sobre o assunto.