A violência continua na Colômbia e os rostos de algumas das vítimas foram imortalizados em um mural inaugurado nesta quinta-feira (4) em Bogotá.
Desenhados por cerca de 26 artistas urbanos renomados, esses 41 murais, alguns ainda em produção, buscam criar o primeiro "Museu da Memória ao Ar Livre" do país.
A homenagem faz parte do projeto 'Todas as vidas valem', iniciado no ano passado, quando as forças de segurança reprimiram as manifestações contra a violência policial no dia 9 de setembro. Doze pessoas morreram, a maioria jovens, e cerca de 500 ficaram feridas.
Os retratos dessas vítimas juntam-se aos rostos de ativistas e combatentes que depuseram as armas no acordo de paz com os guerrilheiros das FARC, após mais de meio século de conflito.
"A ideia é que à medida em que se faz a memória, as pessoas se lembrem de que há cidadãos sendo assassinados continuamente no país (...), as pessoas aprendam o valor da vida", disse Gustavo Trejos, um dos organizadores do o evento.
Desde o histórico pacto de paz, 1.137 líderes sociais e 255 ex-combatentes foram assassinados, segundo o observatório independente Indepaz, devido a uma nova investida de grupos armados que lutam pelos territórios deixados pelas FARC.
- Solidariedade -
Harold Pouchard Castañeda, também conhecido como Hard, é um dos grafiteiros participantes do projeto.
Ele retratou Carlota Salinas, uma líder negra que defendia os direitos das mulheres e foi assassinada em março de 2020 por homens armados no departamento de Bolívar (norte).
Na outra esquina, representou Andrés Rodríguez, um jovem morto nos protestos de 9 de setembro.
"Todo esse trabalho que fazemos por meio da pintura é para que as famílias saibam que nós as apoiamos e que não estão sozinhas", disse.
O evento também lembra o 10º aniversário da morte do grafiteiro Diego Lizarazo, assassinado aos 16 anos por um policial enquanto fazia uma pintura sob uma ponte em Bogotá.
Condenado por homicídio qualificado, o agressor Wilmer Alarcón fugiu e seu paradeiro é desconhecido.
A Colômbia vive um conflito armado que em mais de seis décadas deixou mais de nove milhões de vítimas, incluindo mortos, desaparecidos e deslocados.
BOGOTÁ