Jornal Estado de Minas

WASHINGTON

Congresso dos EUA decide se pune legisladora pró-Trump que divide republicanos

A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos decide nesta quinta-feira (4) o destino de uma congressista pró-Trump altamente polêmica, expondo as profundas divisões dentro do Partido Republicano que ainda permanece sob a marca do ex-presidente.



Marjorie Taylor Greene, uma congressista do estado da Geórgia, é objeto de muitas críticas e pedidos de destituição por seu apoio ao movimento de teorias conspiratórias QAnon e por suas declarações anteriores nas quais parecia pedir a execução de líderes democratas.

Aos 46 anos, essa fiel aliada de Trump, a quem acompanha em sua recusa em reconhecer sua derrota eleitoral, tornou-se o pesadelo dos democratas, que buscam removê-la das comissões de Educação e Orçamento da Câmara baixa do Congresso.

Na quarta-feira, o chefe republicano da Câmara, Kevin McCarthy, afirmou que Marjorie Taylor Greene havia causado "feridas profundas" em muitas pessoas e que ela havia se desculpado.

Mas ele se recusou a expulsá-la dessas comissões, denunciando uma "manobra de poder" dos democratas.

Isso levou a uma votação em plenário nesta quinta-feira, onde os democratas detêm uma maioria fraca e serão difícil obter os dois terços dos votos necessários para retirá-la das comissões.



Mas a votação forçará os republicanos a testemunhar publicamente sobre a conduta de Taylor Greene, que inclui assediar um sobrevivente de um tiroteio em uma escola, declarações antissemitas e xenófobas e seu apoio a postagens nas redes sociais que pedem o assassinato de legisladores democratas.

O momento será observado de perto, enquanto o partido busca um equilíbrio entre satisfazer a base de fãs de Trump e tenta reconquistar os republicanos tradicionais incomodados com o estilo desenfreado da legisladora.

Antes de ser eleita em novembro, Marjorie Taylor Greene alegou que a presidente democrata da Câmara, Nancy Pelosi, era culpada de "traição", um crime segundo ela "punível com a morte".

Ela também disse que um tiroteio fatal em uma escola da Flórida em 2018 foi armado para endurecer a legislação sobre armas, à qual ela se opõe fortemente, e lançou dúvidas sobre o fato de que um avião caiu no Pentágono nos ataques de 11 de setembro de 2001.



Durante sua campanha, a republicana declarou sua filiação ao QAnon, um movimento de extrema-direita que defende a ideia de que Donald Trump trava uma guerra secreta contra uma seita mundial de pedófilos satânicos.

Nesta quinta-feira, antes da votação, Marjorie Taylor Greene expressou remorso. "Fui convencida a acreditar em coisas que não eram verdade (...) E lamento absolutamente isso", disse ela perante os parlamentares, afirmando que deixou de acreditar em teorias da conspiração antes de se candidatar. "São palavras do passado", destacou.

- "A alma do partido" -

Seu caso revela as tensões dentro do partido republicano entre os apoiadores do milionário, que mantém forte influência com os 74 milhões de votos obtidos nas eleições de novembro e aliados no Congresso, bem como junto a defensores de uma linha tradicional. Cada lado mantém suas atenções nas legislativas de 2022 e presidenciais de 2024.

O fato de ela promover "mentiras absurdas" e aderir a "teorias da conspiração" é um "câncer para o Partido Republicano", disse Mitch McConnell, chefe da minoria republicana no Senado que representa a corrente moderada do partido.

Um porta-voz do campo pró-Trump, o congressista da Flórida Matt Gaetz alertou na Fox News na quarta-feira contra um "precedente perigoso" se o Congresso repudiar Taylor Greene.



Há dias, Gaetz ataca Liz Cheney, congressista de Wyoming e a número 3 do partido na Câmara dos Representantes.

Cheney é uma dos 10 republicanos que votaram a favor do impeachment contra Donald Trump por incitar uma insurreição durante o ataque de seus seguidores ao Congresso em 6 de janeiro, que desencadeou um segundo julgamento histórico do magnata, desta vez com o objetivo de desabilitá-lo para as eleições de 2024.

"Estamos lutando uma batalha pela alma do partido Republicano e pretendo vencê-la", disse na semana passada durante uma manifestação em Cheyenne, capital daquele estado que votou em massa por Trump em novembro.

"Se você quer provar que tem o poder, derrote Liz Cheney nas próximas eleições e o Wyoming colocará Washington de joelhos", acrescentou

O processo de impeachment do ex-presidente no Senado começa no dia 9 de fevereiro.

Trump deve escapar da condenação uma segunda vez, já que os democratas não conseguiriam reunir uma maioria de dois terços dos senadores.

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