"O 'bendito Hirak' salvou a Argélia. Decidi conceder o perdão presidencial a cerca de trinta pessoas para as quais já havia sido proferida uma decisão judicial e também a outras, para as quais nenhum veredicto tinha sido anunciado. Entre 55 e 60 pessoas poderão voltar para suas famílias hoje à noite ou amanhã", declarou em um discurso transmitido pela televisão.
Atualmente, existem cerca de 70 presos com vínculos com o Hirak, de acordo com o Comitê Nacional para a Libertação de Detidos (CNLD), uma associação que os apoia.
Em pelo menos 90% dos casos, as detenções se deveram a publicações críticas com as autoridades nas redes sociais.
Em um tuíte, a Presidência informou que se beneficiariam do perdão os "autores de delitos relacionados com as tecnologias da informação e da comunicação".
O anúncio foi feito na véspera do segundo aniversário da revolta popular sem precedentes que levou o ex-presidente Abdelaziz Bouteflika a renunciar a um quinto mandato e deixar o poder.
Foram convocadas para esta segunda-feira manifestações em toda a Argélia, segundo anúncios que circulavam nas redes sociais.
- Reajuste ministerial -
Além disso, Tebboune decidiu "dissolver o Congresso Nacional do Povo (NPC) para convocar eleições", afirmando que deseja "abrir as portas à juventude".
As eleições legislativas, marcadas para 2022, serão realizadas antes do final do ano.
Além disso, o chefe de Estado anunciou que fará um reajuste ministerial "nas próximas 48 horas, no máximo".
"Este reajuste implicará setores que registram déficits em sua gestão, percebidos tanto pelos cidadãos quanto por nós mesmos", explicou.
Tebboune anunciou a implantação de um Conselho Supremo da Juventude e do Observatório Nacional da Sociedade Civil.
O presidente argelino voltou há uma semana da Alemanha, onde se tratou de complicações médicas após ter se contagiado com a covid-19. Desde então, se encontrou com lideranças de seis partidos políticos, inclusive da oposição.
No entanto, não se reuniu com os dois partidos majoritários no Parlamento, a Frente de Libertação Nacional (FLN) e a Agrupação Nacional para a Democracia (RND), muito impopulares por sua proximidade com o ex-presidente Bouteflika e o entorno dele.
Com relação à crise sanitária, Tebboune manifestou sua satisfação com a gestão da pandemia de covid-19 e confirmou que a Argélia, com o acordo da Rússia, deveria produzir a vacina Sputnik V em seu território.
No âmbito internacional, o chefe de Estado reivindicou a realização de um referendo de autodeterminação no Saara ocidental, que qualificou de "a última colônia da África", antigo território espanhol disputado pelo Marrocos e pelos separatistas saarauís.
ARGEL