Jornal Estado de Minas

MADRI

Epicentro da luta feminista, Madri proíbe manifestações no Dia da Mulher

Palco de gigantescas manifestações nos anos anteriores, Madri proibiu qualquer manifestação pela celebração na segunda-feira (8) do Dia da Mulher, devido à alta incidência do coronavírus, anunciou nesta quinta-feira (4) o delegado do governo na região, José Manuel Franco.



"Tomei a decisão de proibir, por motivos de saúde pública, todas as manifestações e concentrações convocadas, porque estamos em um momento em que Madri continua entre os territórios da Espanha com maior incidência de contágios" de covid-19, disse Franco em coletiva de imprensa.

Franco afirmou que entre domingo e segunda-feira foram solicitadas autorizações para mais de cem atos, que iriam reunir "mais de 60.000 pessoas se movendo pelas diferentes ruas de Madri".

Sendo assim, a delegação do governo anula uma decisão anterior, segundo a qual iria permitir manifestações de menos de 500 pessoas respeitando a distância de segurança.

Os organizadores das manifestações criticaram o anúncio.

"Há anos o 8-M enche as ruas de Madri e demontra sua força em cada manifestação (...). Querem nos calar, mas nosso grito já é global", escreveu no Twitter o setor de Madri da Comissão 8-M.



"Estaremos presentes no 8-M. Porque a crise provocada pela pandemia impactou" especialmente as mulheres, acrescentou, sem explicar como vão celebrar o dia.

A ministra da Igualdade, Irene Montero, do partido Podemos, parceiro minoritário da coalizão de governo com os socialistas, afirmou em um evento sindical que "há pessoas que querem nos negar o direito à rua que tanto nos custou conseguir", mas disse que como membro do Executivo cumprirá "escrupulosamente" as recomendações sanitárias.

Outras ministras espanholas, do partido socialista, pediram nos dias anteriores para que a população não fosse se manifestar para evitar contágios.

A capital da Espanha, país com um forte movimento feminista, foi palco nos anos anteriores de grandes manifestações pelo 8-M, como em 2018, quando ocorreu uma inédita greve e centenas de milhares de pessoas foram às ruas.

Em 2020, vários membros do Executivo se uniram à manifestação de mais de 100.000 pessoas. Dias depois, três ministras deram positivo para a covid-19.

Em maio, um relatório policial criticou a autorização dessa manifestação quando já havia registro de contágios, o que alimentou o debate político.

A Espanha é um dos países europeus mais afetados pelo coronavírus, com mais de 70.000 mortes e 3,1 milhões de casos confirmados.

audima