"Tomei a decisão de proibir, por motivos de saúde pública, todas as manifestações e concentrações convocadas, porque estamos em um momento em que Madri continua entre os territórios da Espanha com maior incidência de contágios" de covid-19, disse Franco em coletiva de imprensa.
Franco afirmou que entre domingo e segunda-feira foram solicitadas autorizações para mais de cem atos, que iriam reunir "mais de 60.000 pessoas se movendo pelas diferentes ruas de Madri".
Sendo assim, a delegação do governo anula uma decisão anterior, segundo a qual iria permitir manifestações de menos de 500 pessoas respeitando a distância de segurança.
Os organizadores das manifestações criticaram o anúncio.
"Há anos o 8-M enche as ruas de Madri e demontra sua força em cada manifestação (...). Querem nos calar, mas nosso grito já é global", escreveu no Twitter o setor de Madri da Comissão 8-M.
"Estaremos presentes no 8-M. Porque a crise provocada pela pandemia impactou" especialmente as mulheres, acrescentou, sem explicar como vão celebrar o dia.
A ministra da Igualdade, Irene Montero, do partido Podemos, parceiro minoritário da coalizão de governo com os socialistas, afirmou em um evento sindical que "há pessoas que querem nos negar o direito à rua que tanto nos custou conseguir", mas disse que como membro do Executivo cumprirá "escrupulosamente" as recomendações sanitárias.
Outras ministras espanholas, do partido socialista, pediram nos dias anteriores para que a população não fosse se manifestar para evitar contágios.
A capital da Espanha, país com um forte movimento feminista, foi palco nos anos anteriores de grandes manifestações pelo 8-M, como em 2018, quando ocorreu uma inédita greve e centenas de milhares de pessoas foram às ruas.
Em 2020, vários membros do Executivo se uniram à manifestação de mais de 100.000 pessoas. Dias depois, três ministras deram positivo para a covid-19.
Em maio, um relatório policial criticou a autorização dessa manifestação quando já havia registro de contágios, o que alimentou o debate político.
A Espanha é um dos países europeus mais afetados pelo coronavírus, com mais de 70.000 mortes e 3,1 milhões de casos confirmados.