Jornal Estado de Minas

NOVA YORK

Meghan pensou em suicídio e sugere racismo na família real britânica

Meghan Markle afirmou ter sido alvo de uma "campanha de desprestígio" de uma família real que a levou a pensar em suicídio, enquanto Harry declarou estar "realmente decepcionado" com a falta de apoio do pai, o príncipe Charles.



Meghan e Harry, que se casaram em 2018 e que deixaram a Inglaterra há um ano, abandonando seus deveres como membros da família real, concederam uma entrevista de duas horas a Oprah Winfrey, que foi exibida no domingo pelo canal CBS dos Estados Unidos, onde o casal mora.

Meghan, de 39 anos, afro-americana, disse que a família de seu marido estava "preocupada" com o "quão escura" seria a pele de seu filho, Archie, antes de seu nascimento em 6 de maio de 2019.

"Nos meses em que estava grávida (...) tivemos uma série de conversas sobre que 'ele não receberia segurança, ele não teria um título' e também preocupações e conversas sobre o quão escura seria sua pele quando nascesse", disse Meghan.

Ela acrescentou que o Palácio de Buckingham se negou a conceder proteção à criança, apesar da tradição, e revelou que teve pensamentos suicidas na época.

"Eu não queria mais estar viva", declarou, sem conter as lágrimas. E acrescentou que quando informou à família real que estava lutando e que precisava de ajuda profissional, recebeu como resposta que "não poderia, que não seria bom para a instituição".



- A cor da pele -

Harry quis, no entanto, deixar claro que não foram sua avô, a rainha Elizabeth II de 94 anos, ou seu avô, o príncipe Philip de 99 anos atualmente hospitalizado após uma cirurgia no coração, disse Oprah Winfrey nesta segunda-feira.

Esta questão desencadeou uma chuva de reações, incluindo o porta-voz do primeiro-ministro Boris Johnson, para quem "não há lugar pra o racismo na sociedade".

Depois, o próprio chefe de governo se limitou a dizer que "sempre sentiu a maior admiração pela rainha" e se recusou a fazer comentários sobre a entrevista.

Harry, 36 anos, disse que ficou "realmente decepcionado" com a falta de apoio de seu pai diante de toda a situação, "porque ele passou por algo similar. Ele sabe como se sente a dor".

"Minha maior preocupação era que a história se repetisse", afirmou, em referência à separação de seus pais e ao trágico destino de sua mãe, a princesa Diana, que morreu em 1997 em um acidente de trânsito em Paris quando o motorista do carro em que ela estava com o namorado tentava escapar dos paparazzi.



A entrevista do casal para Oprah recorda a que Diana concedeu ao canal BBC em 1995, na qual admitiu que traiu Charles com o oficial do exército James Hewitt.

Harry disse que sempre amará o pai - herdeiro do trono - e o irmão, o príncipe William, que estão "presos" às convenções da monarquia. "Não podem sair. E tenho grande compaixão por isso".

Também disse que ele e Meghan fizeram "todo o possível" para permanecer na família real. "Fico triste com o que aconteceu, mas me sinto confortável sabendo que fizemos tudo o que podíamos para que funcionasse", destacou".

"Oh, meu Deus, fizemos todo o possível para protegê-los", comentou Meghan, que revelou ter se casado com Harry três dias antes da cerimônia oficial e que o segundo filho que o casal espera é uma menina.

- "Campanha de desprestígio" -

Meghan denunciou uma "verdadeira campanha de desprestígio" por parte da monarquia, mas não atacou pessoalmente os membros da coroa.

Ela disse que, ao contrário do que informou a imprensa britânica, não foi ela que fez Kate, duquesa da Cambridge, chorar, e sim o contrário durante um incidente antes de seu casamento e que Kate pediu desculpas pouco depois.



Meghan encerrou a entrevista com um olhar de esperança para o futuro. Ao ser questionada a se a sua história tem um final feliz, respondeu: "Tem, melhor que o de qualquer conto de fadas que vocês já leram".

O jornal britânico The Times publicou na semana passada depoimentos de ex-funcionários que acusam Meghan de assédio quando ainda morava com a família real.

O Palácio de Buckingham, "muito preocupado", anunciou a abertura de uma investigação, algo incomum para uma instituição pouco acostumada a resolver suas disputas em público.

A monarquia enfrentou a ameaça da entrevista com a divulgação, horas antes da exibição do programa com Oprah, da imagem de uma família unida durante as comemorações anuais da Commonwealth.

Em um discurso pré-gravado, a rainha destacou a importância da "dedicação desinteressada e o senso de dever" demonstrado pelos profissionais da saúde durante a pandemia, algo que muitos interpretaram como uma crítica ao casal Harry e Meghan.

De acordo com uma fonte próxima à monarca citada pelo Sunday Times, Elizaheth II não assistiria a entrevista e deve estar mais presente na imprensa na próxima semana para demonstrar que a monarquia "se concentra em temas importantes".



- Milhões por uma entrevista -

Depois de confirmar à rainha a saída definitiva da família real, os duques de Sussex perderam seus últimos títulos oficiais em fevereiro.

Após uma mudança para o Canadá e em seguida para Montecito, Califórnia, os dois se mostram como um casal moderno, voltado para questões humanitárias, em um país onde a opinião pública é muito mais favorável aos dois que na Grã-Bretanha.

Desde sua saída, Meghan e Harry criaram a fundação Archewell e assinaram contratos para a produção de programas para a Netflix por 100 milhões de dólares, segundo a imprensa americana, assim como podcasts para o Spotify.

Além disso, o casal tem uma parceria com a plataforma Apple TV + em colaboração com Oprah Winfrey, que segundo o The Wall Street Journal vendeu a entrevista por entre sete e nove milhões de dólares para a CBS, mantendo os direitos internacionais.

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