A reunião interafegã também terá a participação delegações de China, Paquistão e Estados Unidos. A Turquia também deve sediar conversas de paz afegãs em Istambul no próximo mês, anunciou nesta sexta-feira o ministro das Relações Exteriores, Mevlüt Cavusoglu.
"A formação de um governo interino inclusivo deve ser a solução lógica para o problema de integrar os talibãs à vida política do Afeganistão", disse à imprensa a porta-voz do Ministério russo das Relações Exteriores, Maria Zakharova.
O tempo para conseguir um acordo urge, pois o prazo se completa em 1º de maio. Depois disso, Washington poderá retirar seus militares do Afeganistão, motivo pelo qual os americanos tentam reativar essas negociações. O objetivo é encontrar uma solução pacífica para o conflito afegão.
Recentemente, os Estados Unidos apresentaram uma nova proposta de paz às autoridades afegãs e aos talibãs. Este plano prevê a criação de um "novo governo inclusivo", segundo uma carta do secretário de Estado americano, Antony Blinken, revelada pela imprensa local.
Na segunda-feira, Washington pediu uma "aceleração" do processo de paz no Afeganistão, ao considerar que os avanços são "possíveis".
- Conversas em Istambul -
Para conseguir isso, Washington propôs retomar as negociações de paz entre Cabul e os insurgentes "nas próximas semanas" na Turquia. Nelas, um período de "redução da violência" de 90 dias seria instaurado para evitar a tradicional ofensiva de primavera (boreal) dos talibãs.
Em resposta à iniciativa, Cavusoglu confirmou que Istambul sediará conversas de paz em abril, embora "a data precisa e o conteúdo" da reunião ainda estejam sendo discutidos.
As conversas de Istambul "não serão uma alternativa [...] mas servirão de apoio" ao processo que está em curso no Catar desde setembro, frisou o ministro turco.
"Qual é o nosso objetivo? Prolongar as discussões entre os talibãs e o governo [afegão], concentrando-nos na obtenção de resultados concretos", acrescentou.
Referindo-se à reunião de 18 de março, em Moscou, Zakharova disse que o Catar seria o convidado de honra e que o objetivo das discussões é "promover as negociações interafegãs em Doha, reduzir a violência e pôr fim ao conflito no Afeganistão".
Em virtude de um acordo alcançado com os talibãs em Doha em fevereiro, os Estados Unidos aceitaram retirar todas as suas tropas do Afeganistão até maio de 2021. Em troca, os insurgentes teriam de oferecer garantias de segurança e se comprometer a dialogar com o governo afegão.
O exército americano conta com 2.500 soldados estacionados no Afeganistão, o menor contingente desde 2001, ano em que o país decidiu intervir neste território após os ataques de 11 de setembro.
A possível retirada das tropas americanas preocupa, porém, o Executivo afegão, já que os talibãs intensificaram seus ataques contra as forças de segurança afegãs nos últimos meses.
MOSCOU