Nos últimos dias, surgiram sinais animadores em relação a tratamentos à base de anticorpos sintéticos contra a COVID-19, que pode se tornar uma das principais armas no combate à pandemia junto com as vacinas.
Os anticorpos são um componente básico do nosso sistema imunológico. Na presença de um perigo, como um vírus, nosso organismo os produz naturalmente para identificar o invasor.
A ideia dos anticorpos sintéticos é selecionar anticorpos naturais e reproduzi-los artificialmente para depois usá-los em tratamentos, geralmente por perfusão.
É diferente de uma vacina. Seu objetivo é que o corpo produza os anticorpos apropriados por conta própria. Os anticorpos sintéticos são injetados assim que a doença é desencadeada para compensar as deficiências do sistema imunológico.
Esses tratamentos usam anticorpos "monoclonais", ou seja, aqueles que reconhecem uma determinada molécula do vírus, ou bactéria, que eles têm como alvo.
Não. "Os anticorpos monoclonais são uma das ferramentas mais poderosas da medicina moderna", destaca a fundação britânica Wellcome.
Esse tipo de tratamento existe há 30 anos e, atualmente, há cerca de 100 deles patenteados. Até agora, porém, concentraram-se principalmente em cânceres, ou em doenças resultantes da disfunção do sistema imunológico, como Crohn (inflamação do sistema intestinal), e não em infecções como a covid-19.
Mas os anticorpos sintéticos "sempre tiveram um enorme potencial para combater infecções diretamente", diz o imunologista britânico Alexander Edwards, da Universidade de Reading.
Assim, a pandemia tem estimulado o setor de pesquisa de anticorpos sintéticos, o que pode representar um "avanço" no uso contra infecções, segundo Edwards.
No momento, há quatro projetos mais avançados: o da gigante britânica GSK associada ao laboratório californiano Vir, o americano Regeneron, sua compatriota Eli Lilly e a sul-coreana Celltrion.
Esta semana, dois dos quatro lançaram informativos animadores após testes da Fase 3, ou seja, sobre centenas de pessoas e com o objetivo de chegar ao mercado em breve.
Em primeiro lugar, Eli Lilly anunciou na quarta-feira uma redução muito forte (-87%) nas hospitalizações e mortes de pacientes que receberam um "coquetel" de dois anticorpos, bamlanivimabe e etesevimabe.
Na quinta-feira, GSK e Vir forneceram dados semelhantes (-85%) sobre seu anticorpo VIR-7831.
A Celltrion já havia relatado resultados favoráveis para o anticorpo regdanvimab em janeiro.
Semanas depois, Regeneron fez o mesmo com seu REGN-COV2, um coquetel de casirivimabe e imdevimabe.
Até agora, apenas os da Regeneron, Eli Lilly e Celltrion (apenas na Coreia do Sul) receberam autorizações. Em alguns países, foram aprovados em casos de emergência, antes mesmo dos resultados permitirem concluir sua eficácia com maior rigor.
Para o Regeneron, os Estados Unidos deram autorização de emergência em novembro de 2020 para REGN-COV2; o ex-presidente Donald Trump se beneficiou do tratamento pouco antes, no início de outubro.
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) deu parecer favorável no final de fevereiro para usá-los em pacientes que não apresentem alto risco de desenvolver uma forma grave da covid-19.
O bamlanivimab da Eli Lilly está autorizado nos Estados Unidos e na França para maiores de 80 anos. Mas esse tratamento não conta com a unanimidade do órgão médico francês, já que a autorização é apenas para esse anticorpo (e não combinado com o etesemivab). Neste caso, portanto, sua eficácia é muito menos clara.
Autoridades europeias começaram recentemente a avaliar o coquetel da Eli Lilly.
A UE também avalia atualmente o medicamento Celltrion. Por fim, a GSK e a Vir planejam solicitar autorização para seu uso emergencial nos Estados Unidos e em outros países.
Eles são de dois tipos.
Em primeiro lugar, há dúvidas sobre a eficácia desses tratamentos após o surgimento de variantes do coronavírus, novas cepas que podem tornar os anticorpos obsoletos.
De acordo com a diretora médica do GSK França, Sophie Muller, que conversou com a AFP, "o anticorpo desenvolvido pelo grupo tem como alvo uma área da proteína S (spike) que não é afetada pelas variantes atuais do coronavírus, portanto, o que é de interesse".
No entanto, isso não responde ao eventual aparecimento de futuras variantes que poderão ser resistentes.
Com essa ideia, várias investigações já estão concentradas no desenvolvimento de anticorpos "policlonais", capazes de identificar imediatamente muito mais moléculas de vírus.
O outro limite é preço e disponibilidade. A inoculação de anticorpos da Eli Lilly custa cerca de 1.000 euros (cerca de US$ 1.200). Um valor alto, mas, segundo os médicos, ainda é mais barato do que uma hospitalização.
Em termos de disponibilidade, as capacidades de produção continuam sendo insuficientes, devendo ser aumentadas para garantir sua utilização em larga escala.
Do que se trata?
Os anticorpos são um componente básico do nosso sistema imunológico. Na presença de um perigo, como um vírus, nosso organismo os produz naturalmente para identificar o invasor.
A ideia dos anticorpos sintéticos é selecionar anticorpos naturais e reproduzi-los artificialmente para depois usá-los em tratamentos, geralmente por perfusão.
É diferente de uma vacina. Seu objetivo é que o corpo produza os anticorpos apropriados por conta própria. Os anticorpos sintéticos são injetados assim que a doença é desencadeada para compensar as deficiências do sistema imunológico.
Esses tratamentos usam anticorpos "monoclonais", ou seja, aqueles que reconhecem uma determinada molécula do vírus, ou bactéria, que eles têm como alvo.
É algo novo?
Não. "Os anticorpos monoclonais são uma das ferramentas mais poderosas da medicina moderna", destaca a fundação britânica Wellcome.
Esse tipo de tratamento existe há 30 anos e, atualmente, há cerca de 100 deles patenteados. Até agora, porém, concentraram-se principalmente em cânceres, ou em doenças resultantes da disfunção do sistema imunológico, como Crohn (inflamação do sistema intestinal), e não em infecções como a covid-19.
Mas os anticorpos sintéticos "sempre tiveram um enorme potencial para combater infecções diretamente", diz o imunologista britânico Alexander Edwards, da Universidade de Reading.
Assim, a pandemia tem estimulado o setor de pesquisa de anticorpos sintéticos, o que pode representar um "avanço" no uso contra infecções, segundo Edwards.
Qual o nível de eficácia contra a COVID?
No momento, há quatro projetos mais avançados: o da gigante britânica GSK associada ao laboratório californiano Vir, o americano Regeneron, sua compatriota Eli Lilly e a sul-coreana Celltrion.
Esta semana, dois dos quatro lançaram informativos animadores após testes da Fase 3, ou seja, sobre centenas de pessoas e com o objetivo de chegar ao mercado em breve.
Em primeiro lugar, Eli Lilly anunciou na quarta-feira uma redução muito forte (-87%) nas hospitalizações e mortes de pacientes que receberam um "coquetel" de dois anticorpos, bamlanivimabe e etesevimabe.
Na quinta-feira, GSK e Vir forneceram dados semelhantes (-85%) sobre seu anticorpo VIR-7831.
A Celltrion já havia relatado resultados favoráveis para o anticorpo regdanvimab em janeiro.
Semanas depois, Regeneron fez o mesmo com seu REGN-COV2, um coquetel de casirivimabe e imdevimabe.
Onde estão autorizados?
Até agora, apenas os da Regeneron, Eli Lilly e Celltrion (apenas na Coreia do Sul) receberam autorizações. Em alguns países, foram aprovados em casos de emergência, antes mesmo dos resultados permitirem concluir sua eficácia com maior rigor.
Para o Regeneron, os Estados Unidos deram autorização de emergência em novembro de 2020 para REGN-COV2; o ex-presidente Donald Trump se beneficiou do tratamento pouco antes, no início de outubro.
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) deu parecer favorável no final de fevereiro para usá-los em pacientes que não apresentem alto risco de desenvolver uma forma grave da covid-19.
O bamlanivimab da Eli Lilly está autorizado nos Estados Unidos e na França para maiores de 80 anos. Mas esse tratamento não conta com a unanimidade do órgão médico francês, já que a autorização é apenas para esse anticorpo (e não combinado com o etesemivab). Neste caso, portanto, sua eficácia é muito menos clara.
Autoridades europeias começaram recentemente a avaliar o coquetel da Eli Lilly.
A UE também avalia atualmente o medicamento Celltrion. Por fim, a GSK e a Vir planejam solicitar autorização para seu uso emergencial nos Estados Unidos e em outros países.
Quais são os limites?
Eles são de dois tipos.
Em primeiro lugar, há dúvidas sobre a eficácia desses tratamentos após o surgimento de variantes do coronavírus, novas cepas que podem tornar os anticorpos obsoletos.
De acordo com a diretora médica do GSK França, Sophie Muller, que conversou com a AFP, "o anticorpo desenvolvido pelo grupo tem como alvo uma área da proteína S (spike) que não é afetada pelas variantes atuais do coronavírus, portanto, o que é de interesse".
No entanto, isso não responde ao eventual aparecimento de futuras variantes que poderão ser resistentes.
Com essa ideia, várias investigações já estão concentradas no desenvolvimento de anticorpos "policlonais", capazes de identificar imediatamente muito mais moléculas de vírus.
O outro limite é preço e disponibilidade. A inoculação de anticorpos da Eli Lilly custa cerca de 1.000 euros (cerca de US$ 1.200). Um valor alto, mas, segundo os médicos, ainda é mais barato do que uma hospitalização.
Em termos de disponibilidade, as capacidades de produção continuam sendo insuficientes, devendo ser aumentadas para garantir sua utilização em larga escala.