Cerca de 670.000 pessoas fugiram dos ataques de grupos armados que aterrorizam há mais de três anos esta província rica em petróleo. O conflito causou ao menos 2.600 mortes, das quais metade corresponde a civis, segundo a ONG.
"As informações sobre ataques contra crianças nos enojam", comentou Chance Briggs, responsável de Moçambique na Save the Children.
A organização coleta os depoimentos de famílias deslocadas, entre elas o de uma mãe de 28 anos, que conta como seu filho de 12 anos foi decapitado próximo ao local onde se escondia com seus outros três filhos.
"Esta noite, nossa aldeia foi atacada e nossas casas queimadas", contou a mãe. "Tentamos fugir para a floresta, mas pegaram meu filho mais velho e o decapitaram. Não conseguimos fazer nada porque também teriam nos matado".
Outra mulher, de 29 anos, explica que fugiu de sua província em condições difíceis com três de seus quatro filhos, após o assassinato de seu filho de 11 anos por homens armados.
"Todas as partes nesse conflito devem garantir que as crianças nunca sejam tomadas como alvo", declarou Chance Briggs.
"A violência tem que acabar e as famílias deslocadas devem ser apoiadas", insistiu, destacando que cerca de um milhão de pessoas estão ameaçadas pela fome.
Um grupo conhecido localmente como Al Shabab ("os jovens", em árabe) lançou uma sangrenta insurreição em 2017 na província de Cabo Delgado, de maioria muçulmana e que faz fronteira com a Tanzânia, antes de jurar lealdade em 2019 ao grupo Estado Islâmico (EI).
No início de março, a Anistia Internacional acusou as forças de Moçambique e os mercenários de terem matado indiscriminadamente civis, em seu combate à rebelião extremista.
LONDRES