Em uma eleição marcada pela pandemia de coronavírus, o partido liberal parecia se sair bem, com 35 cadeiras em 150 na Câmara dos Deputados, enquanto o partido de centro-esquerda D66, que também faz parte da coalizão de governo, chegaria a 27. Em terceiro, viria o Partido da Liberdade, do deputado anti-islâmico Geert Wilders, excluído das negociações para formar um governo.
- Eleições incomuns -
Esta quarta-feira foi o último dia de uma votação inusitada, que durou três dias para garantir a máxima segurança sanitária, em locais como museus e centros de testagem. Rutte, no poder desde 2010, parece ter superado com sucesso a crise do novo coronavírus, que desviou a atenção de outras questões, como a imigração. "Estou orgulhoso do que conseguimos nos últimos 10 anos na Holanda, uma das economias com melhores resultados da Europa", disse à imprensa ao votar.
Com 17 milhões de habitantes, a Holanda registra 1,1 milhão de casos de coronavírus e quase 16.000 mortes.
Rutte, um dos chefes de governo mais longevos da Europa, lidera sem discussões o Partido Popular pela Liberdade e a Democracia (VVD). Ao mesmo tempo, centenas de pessoas expressaram descontentamento com o governo em um protesto em Haia no domingo. O ato foi dispersado por policiais com jatos d'água. A imposição de um polêmico toque de recolher no fim de janeiro também provocou distúrbios violentos no país.
- Exceções ao toque de recolher -
As eleições foram adaptadas devido à covid-19, com a abertura de locais de votação na segunda e na terça-feira, principalmente para as pessoas do grupo de risco.
Rutte também anunciou na semana passada exceções ao toque de recolher - em vigor das 21h às 4h30 - durante as eleições, para permitir uma votação "sem obstáculos". Em um primeiro momento, as autoridades holandesas adotaram medidas anticovid muito mais flexíveis do que os países vizinhos, mas, nos últimos meses, anunciaram um sistema mais rígido.
Conhecido como primeiro-ministro "teflon", por sua capacidade de escapar ileso das crises políticas, Rutte se viu obrigado a renunciar em janeiro, depois que milhares de pais foram acusados de maneira equivocada de fraude para receber auxílios sociais. O governo continuou, porém, responsável pelos assuntos do dia a dia até as eleições. Além do partido conservador Apelo Democrata Cristão (CDA), o partido de centro-esquerda D66 integra a coalizão governamental.
As negociações para a criação de uma coalizão após as legislativas de 2017 duraram sete meses. Ao todo, 37 partidos - um número recorde em décadas - disputam as 150 cadeiras da Câmara, em um panorama político fragmentado, que, frequentemente resulta em coalizões complexas.
HAIA