A Uber anunciou na terça-feira à noite que concederia aos seus motoristas no país direitos trabalhistas como salário mínimo, férias remuneradas e um plano de pensões para o qual a empresa contribuirá, em uma decisão inédita para o grupo.
A decisão encerrou uma prolongada batalha legal entre motoristas no Reino Unido e a empresa do Vale do Silício.
A plataforma agiu um mês após uma derrota retumbante perante a Suprema Corte britânica, que decidiu em 19 de fevereiro que os motoristas podem ser considerados "trabalhadores" e, portanto, receber os benefícios sociais correspondentes.
O tribunal decidiu a favor de um grupo de cerca de 20 motoristas que reivindicaram essa condição pelo tempo que passam conectados ao aplicativo e pelo controle que a empresa exerce sobre eles, por exemplo, por meio de avaliações.
O ministro britânico das Empresas, Kwasi Kwarteng, declarou nesta quarta ao canal Sky News que a mudança da Uber, após uma longa batalha legal com os motoristas, é "absolutamente positiva".
"Sempre disse que a nova fase de nossa economia deveria consistir em proteger os direitos dos trabalhadores, pressionando por padrões mais elevados e por novas tecnologias", acrescentou.
A lei britânica distingue o estatuto de "trabalhadores", que podem receber um salário mínimo e outros benefícios, do estatuto de "funcionários" em sentido estrito, que têm um contrato de trabalho adequado.
Os motoristas da Uber UK eram considerados até agora como autônomos, em linha com muitas outras empresas da "economia gig", o que provocou críticas ferozes dos sindicatos.
"O anúncio da Uber deve marcar o fim dos falsos autônomos", disse Mick Rix, chefe do sindicato GMB.
Esta decisão "abre as portas para os trabalhadores e seus sindicatos ganharem a luta por melhores salários e condições nas empresas da economia 'gig'", acrescentou.
A secretária-geral da organização sindical britânica Trades Union Congress (TUC), Frances O'Grady, pediu às plataformas tecnológicas que façam mais: "Pressionaremos com força para que Uber e outras plataformas reconheçam os sindicatos e deem aos funcionários uma voz adequada no trabalho".
Esses trabalhadores "merecem os mesmos direitos básicos que todos os demais. Os sindicatos não vão descansar até que os salários e as condições melhorem em toda economia 'gig'", enfatizou.
Dois motoristas londrinos da Uber, Yaseen Aslam e James Farrar, que foram os autores da ação na Suprema Corte, saudaram a mudança.
Farrar descreveu o anúncio como "um passo na direção certa", mas argumentou que ficou aquém. E expressou preocupação com o fato de os benefícios da Uber começarem a contar a partir do momento em que o motorista aceita uma viagem, e não quando ele se conecta ao aplicativo.
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