A Organização Mundial da Saúde recomendou, nesta quarta-feira (31/3), que "não se utilize a ivermectina" para os pacientes de COVID-19, salvo nos ensaios clínicos - afirma a instituição em um comunicado.
A ivermectina é um medicamento antiparasitário de uso comum que tem sido bastante promovido nas redes sociais, mas, segundo o grupo de especialistas da OMS, os dados dos estudos clínicos para medir sua eficácia contra a COVID-19 não deram resultados conclusivos.
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Ivermectina em excesso pode lesionar o fígado, alerta especialistaJovem trata COVID com ivermectina e pode precisar de transplante de fígadoNão só ivermectina: nenhum remédio é comprovadamente eficaz para a COVID-19Ele ressaltou que a única exceção a esta recomendação, com base no estado atual da pesquisa, é para os testes clínicos.
Os especialistas da OMS tiraram suas conclusões de um total de 16 ensaios clínicos aleatórios com 2,4 mil participantes. Alguns destes ensaios compararam a ivermectina com outros medicamentos.
O número de estudos que permitem comparar a ivermectina com o placebo "é muito menor", afirmou o doutor Bram Rochwerg, pesquisador da Universidade McMaster do Canadá e membro do painel da OMS que fez a avaliação.
Tanto Díaz quanto Rochwerg disseram que as recomendações estão "ativas" e serão atualizadas à medida que novas pesquisas confirmarem, ou expandirem, o estado atual de conhecimento.
A recomendação da OMS, a primeira sobre a ivermectina, junta-se à da Agência Europeia de Medicamentos, que, como a OMS, não recomenda seu uso - exceto em ensaios clínicos.
Sua correspondente nos Estados Unidos, a FDA (na sigla em inglês), explica em seu site, porque a ivermectina não deve ser usada.
Esta recomendação corre o risco de provocar ceticismo e indignação entre os muitos defensores deste medicamento de uso veterinário e humano, usado contra parasitas, como sarna, piolho, ou os causadores da oncocercose.
O sucesso dessa droga vem, em particular, de um estudo australiano publicado no início de 2020 que observou uma eficácia "in vitro", ou seja, em laboratório, da ivermectina sobre o Sars-CoV-2, vírus causador da COVID-19.
A ivermectina é barata e é usada com frequência em alguns países da América Latina, entre outros, e compartilha algumas características com a hidroxicloroquina.
Ambas são defendidas por alguns médicos e por personalidades políticas, apesar de sua eficácia não ter sido demonstrada e de um importante ensaio clínico chegar à conclusão de que não tem efeito.