"Atualmente a situação regional é a mais preocupante em vários meses", declarou o diretor da divisão Europa da OMS, Hans Kluge, pedindo que se acelerem as campanhas de vacinação.
Dos 2,8 milhões de mortos registrados no mundo desde dezembro de 2019, a região da Europa soma o maior número, com cerca de 958.000 óbitos, seguida por América Latina e Caribe (cerca de 783.500) e Estados Unidos e Canadá (575.000), conforme balanço da AFP estabelecido nesta quinta.
Na zona Europa - com 50 países, incluindo Rússia e vários Estados da Ásia Central -, mais de 24.000 mortes foram contabilizadas na semana passada e estão "rapidamente" se aproximando de um milhão no total, segundo a organização.
E isso em um contexto de "lentidão inaceitável" na vacinação.
"Precisamos agilizar o processo, aumentando a produção, reduzindo os obstáculos à [sua] administração (...) e aproveitando todas as doses" armazenadas, acrescentou Kluge.
A região Europa abriga 12% da população mundial e já administrou mais de 152 milhões de doses de vacinas anticovid, ou seja, um quarto de todas as injetadas no mundo.
Na região, 10% da população recebeu uma dose, e 4%, as duas, segundo esta organização das Nações Unidas.
Neste grave contexto, muitos países europeus estão intensificando suas medidas para tentar impedir a propagação do vírus, especialmente limitando as viagens.
Nos próximos "8 a 14 dias", a Alemanha vai fortalecer os controles em suas fronteiras terrestres, enquanto a Itália decidiu estender suas medidas até 30 de abril. Na Áustria, a região de Viena ficará confinada na Páscoa.
Na França, onde a situação está se deteriorando há várias semanas e se aproxima de 100.000 mortes, as escolas ficarão fechadas por pelo menos três semanas. As restrições serão estendidas a todo território.
O consumo de álcool em espaços públicos será proibido nas próximas semanas, e o acesso a locais propícios a reuniões ao ar livre também será limitado, anunciou o primeiro-ministro francês, Jean Castex.
- Sem chama olímpica -
A situação também se agrava no restante do mundo, do Japão ao Brasil, passando pelo Canadá.
Na Ásia, o governo japonês anunciará novas restrições, especialmente em Osaka, cujas autoridades regionais não querem o revezamento da tocha olímpica na metrópole para limitar as infecções, segundo a imprensa local.
Do outro lado do Pacífico, a província de Ontário, motor econômico do Canadá, prepara-se para anunciar um reconfinamento de 28 dias para interromper uma nova onda de infecções, depois que Québec anunciou o fechamento de escolas e negócios não essenciais.
Embora no vizinho Estados Unidos a situação melhore à medida que a vacinação avança, seu presidente Joe Biden pediu que as medidas continuem a ser respeitadas, como o uso de máscaras, e que os clubes esportivos não abram todas as cadeiras de seus estádios.
"Temos que chegar a um ponto em que um número suficiente de pessoas tenha sido vacinado para diminuir a possibilidade de (o vírus) se espalhar", frisou.
"Sou presidente dos Estados Unidos e fui vacinado. Não tenho um emprego sem importância. Você acha que eu me vacinaria se pensasse que isso me prejudicaria?", disse o presidente em entrevista à rede de esportes ESPN.
- O pior mês no Brasil -
Na América Latina, o Brasil, que aprovou na quarta-feira o uso emergencial da vacina Johnson & Johnson, o número de mortos está crescendo a um ritmo assustador. O gigante sul-americano registrou seu pior mês da pandemia em março, com mais de 66.000 mortes.
Depois dos Estados Unidos (552.073 mortes), o Brasil é o país com o maior número de vítimas fatais nesta pandemia (321.515), seguido pelo México (203.210).
"Nunca um único evento gerou tantas mortes em 30 dias na história do Brasil", disse à AFP o médico Miguel Nicolelis, ex-coordenador da Comissão Científica formada pelos estados do Nordeste para enfrentar a pandemia.
"É o pior momento, com o maior número de óbitos e maior número de casos. O que indica que o mês de abril ainda vai ser muito ruim", comentou, por sua vez, a epidemiologista Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).
E as infecções estão "em alta" em todo continente, alertou a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa Etienne, para quem existe o "risco real" de que o aumento seja pior do que o registrado em 2020 em muitos países.
Em Cuba, para enfrentar o coronavírus, contornar o embargo americano e "economizar milhões de dólares em importações", foi preciso fabricar seus próprios suprimentos médicos, como respiradores e reagentes para testes de PCR, segundo cientistas da ilha.
Do outro lado da moeda, Israel, um dos países mais avançados na vacinação, anunciou nesta quinta-feira que pode começar a imunizar adolescentes de 12 a 15 anos em maio, depois que os laboratórios Pfizer e BioNTech anunciaram que seu imunizante é 100% eficaz em pessoas dessa faixa etária.
COPENHAGA