Jornal Estado de Minas

TOULOUSE

Família apresenta queixa na França após morte de mulher vacinada com AstraZeneca

A família de uma mulher de 38 anos, que morreu de trombose e que havia recebido a primeira dose da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca, apresentou nesta sexta-feira (2) uma queixa por homicídio culposo em Toulouse, informou seu advogado à AFP.



A denúncia foi ajuizada "contra X" - que não identifica um suposto culpado, nem pessoa física nem empresa - um procedimento permitido na França quando as circunstâncias do caso ainda não estão claras.

"É uma denúncia contra X por homicídio culposo", explicou o advogado Étienne Boittin. Uma qualificação que pode "evoluir dependendo dos elementos do caso", especificou.

A família da falecida, que era assistente social, "não está envolvida em nenhum processo de reclamação ou cobrança de responsabilidades, apenas quer explicações, esclarecimentos sobre o ocorrido", acrescentou.

A mulher havia sido vacinada em meados de março e não sofria de nenhum problema de saúde em particular, de acordo com Boittin.

Sua saúde piorou logo depois que ela foi vacinada e ela teve que ser internada em um hospital em Toulouse. Morreu em 29 de março em decorrência de uma trombose cerebral.

"O objetivo desta denúncia é obter investigações complementares, especialmente uma necrópsia no âmbito médico-legal, com elementos que nos permitam saber se a vacina pode ter tido um papel causal na morte", disse o advogado.



O advogado também defende a família de um estudante de medicina de Nantes (oeste da França), que morreu repentinamente em casa no dia 18 de março, dias após ter sido vacinado com a primeira dose do imunizante da AstraZeneca.

No caso dele, o Ministério Público de Nantes abriu uma investigação preliminar para apurar as circunstâncias do falecimento.

A Agência Francesa de Medicamentos confirmou em 26 de março que há um risco "baixo" de trombose atípica associada à vacina da AstraZeneca contra a covid-19, após a detecção de novos casos na França, embora tenha ressaltado que a balança entre riscos e benefícios ainda inclinava a favor do uso do imunizante.

O uso desta vacina havia sido suspenso no dia 15 de março por vários países europeus, após a detecção de casos de coágulos sanguíneos, letais em alguns casos.

A França levantou a suspensão em 19 de março, seguindo as recomendações da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), que considerou a injeção "segura e eficaz".



Nesta sexta-feira, a Holanda suspendeu as injeções da vacina da AstraZeneca em pessoas com menos de 60 anos após novos casos de coágulos sanguíneos, informaram as autoridades de saúde.

A decisão foi tomada depois que cinco novos casos de trombose foram detectados em mulheres com entre 25 e 65 anos no país, informou o Ministério da Saúde em um comunicado.

"Devemos pecar por excesso de cautela e, portanto, a coisa mais sensata a fazer é apertar o botão de pausa agora, por precaução", disse o ministro da Saúde, Hugo de Jonge.

O uso do imunizante ficará suspenso até o dia 7 de abril, quando a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) deve apresentar novos dados sobre o assunto e uma recomendação atualizada, explicou.

ASTRAZENECA

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