"Os terroristas foram expulsos de Palma", disse o chefe de Estado em um discurso à nação transmitido pela televisão, acrescentando, porém, que ainda não é hora de "cantar vitória".
Os grupos armados, que desde 2017 aterrorizam a província de Cabo Delgado, rica em gás natural, são conhecidos como Al Shabab ("Os Jovens" em árabe) e juraram lealdade ao grupo Estado Islâmico (EI).
Em 24 de março, grupos armados realizaram um grande ataque reivindicado pelo EI nesta cidade de 75.000 habitantes. Dezenas de civis morreram, além de policiais e militares, embora não haja um balanço oficial de vítimas até agora.
As autoridades moçambicanas disseram que recuperaram o controle da cidade na segunda-feira e que um número "importante" de milicianos islâmicos morreu nesta operação, segundo fontes militares.
Várias testemunhas do ataque e fontes de segurança descreveram corpos nas ruas e decapitados, o método característico dos extremistas nesta província, que faz fronteira com a Tanzânia, onde cometem grandes atos de violência desde 2017.
As imagens transmitidas pela televisão moçambicana mostravam casas em ruínas, um hospital devastado e carros incendiados. Em meio ao grande número de militares armados, alguns habitantes pegavam alimentos.
As autoridades moçambicanas afirmaram ter recuperado parcialmente o controle da cidade na segunda-feira e que mataram um número "significativo" de combatentes islâmicos, após vários dias de ofensiva para retomar Palma, que caiu nas mãos dos rebeldes no final de março.
O comandante das operações, Chongo Vidigal, disse que é possível sentir "o cheiro dos corpos dos terroristas". Desde os primeiros ataques, as forças do governo foram incapazes de lutar efetivamente contra os rebeldes.
- Reunião de emergência -
O último ataque extremista provocou reações de alguns países ocidentais e Estados do sul da África, preocupados que a rebelião extremista se estenda para fora de Cabo Delgado.
Seis presidentes da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) planejam realizar uma reunião de emergência na quinta-feira sobre o assunto.
"Nosso governo expressou à comunidade internacional o que precisa para combater o terrorismo e essas necessidades estão sendo analisadas", disse Filipe Nyusi.
O ataque de Palma deixou cerca de 11.000 deslocados, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM). Eles se juntam às mais de 670.000 pessoas que já foram obrigadas a abandonar suas casas por causa da violência na região, segundo a ONU.
Na área do ataque, o grupo francês Total tem um megaprojeto de gás, mas a empresa evacuou toda a sua equipe e paralisou este plano bilionário.
Há duas semanas, centenas de habitantes da região vagam sem comida e sem acesso à água potável em direção às cidades vizinhas, algumas delas a centenas de quilômetros, onde esperam encontrar refúgio.
Os grupos armados, que controlam o estratégico porto de Mocimboa da Praia desde agosto de 2020, aumentaram seu poder no último ano, multiplicando seus ataques.
A ONG Acled já contabiliza 2.600 mortos antes do ataque de Palma, metade deles civis.
MAPUTO