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Estado de Minas ROMA

Plano de vacinação na Itália ameaçado por fura-filas


09/04/2021 14:06

As dificuldades da Itália para vacinar as pessoas mais vulneráveis contra a covid-19 custaram milhares de vidas, denunciou nesta sexta-feira (9) um especialista após as críticas do primeiro-ministro Mario Draghi contra aqueles que furam fila para se vacinar.

Depois de ter sido um dos países mais afetados pela pandemia, a Itália iniciou sua campanha de vacinação no início do ano.

No entanto, não conseguiu alcançar totalmente os grupos de maior risco, como os idosos, entre os mais vulneráveis ao vírus.

Se o plano "ideal" de vacinação para idosos tivesse sido seguido de forma mais rigorosa, a Itália teria registrado 8.000 mortes a menos do que as 33.000 registradas desde o início do ano, disse Matteo Villa, pesquisador do centro de estudos ISPI de Milão.

"A contagem seria de 25.000", assegurou.

"A estratégia foi desequilibrada, algumas regiões ficaram para trás e muitos furaram a fila", lamentou Villa em um tuíte.

O assunto foi abordado na quinta-feira pelo primeiro-ministro Mario Draghi durante uma coletiva de imprensa na qual pediu aos dirigentes das 20 regiões da Itália que melhorem a campanha de vacinação caso queiram suspender as medidas restritivas em vigor.

"Quão conscientes estão as pessoas que furam a fila e são vacinadas primeiro, sabendo que colocam aqueles com mais de 75 anos ou os mais vulneráveis em perigo real de vida?", questionou.

De acordo com dados oficiais, a Itália administrou 12 milhões de vacinas até o momento, das quais 4,2 milhões em pessoas com 80 anos ou mais e apenas 1,26 milhões em pessoas com 70 anos ou mais.

Também administrou 3,1 milhões de vacinas ao pessoal da saúde, um milhão ao pessoal da educação e 2,4 milhões à categoria definida como "outros", que também inclui os chamados "vivos", que furam fila, cujo número não pode ser calculado.

Para alguns especialistas, a Itália está vacinando as pessoas erradas e acusam o sistema descentralizado de saúde, administrado pelos governadores das 20 regiões, que definem a prioridade de vacinação.

"Em algumas regiões eles vacinaram jornalistas. Em outras, advogados. Em outras, professores universitários. Não há lógica", comentou na televisão Roberto Burioni, professor de microbiologia e virologia da Universidade San Raffaele de Milão.

Por sua vez, o líder da comissão nacional antimáfia, Nicola Morra, pediu dados de quatro regiões, entre elas Sicília, Calábria e Campânia, para rever os critérios com que decidiram vacinar e impedir a infiltração da máfia no sistema.


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