Mediante as importações de soja, óleo de palma, carne bovina, madeira, cacau e café, a UE contribuiu indiretamente em 2017 para o desaparecimento de 203.000 hectares de florestas tropicais, que se converteram em terras agrícolas, segundo a organização ambientalista. Isso representa 116 milhões de toneladas de CO2, o equivalente às emissões de gases do efeito estufa da Bélgica naquele ano, destaca o relatório, baseado em uma análise de imagens de satélite e em estatísticas agrícolas e comerciais.
O comércio internacional de produtos agrícolas levou à eliminação de 1,3 milhão de hectares de floresta tropical em 2017 e à emissão de 740 milhões de toneladas de CO2, o equivalente a um quinto das emissões da UE naquele ano. As importações da China representaram 24% desse desmatamento. O impacto foi menor nas importações de Índia (9%), Estados Unidos (7%) e Japão (5%).
Entre 2005 e 2017, as oito maiores economias da UE (Alemanha, Itália, Espanha, Reino Unido, Holanda, França, Bélgica e Polônia) foram responsáveis por 80% do "desmatamento importado" do bloco, aponta o relatório.
"O desmatamento tropical e a conversão de ecossistemas associados às importações são uma medida quantificável e já não podem ser ignorados", assinalou Michael Lathuillière, chefe da equipe de "mapeamento da cadeia de suprimentos" no Instituto do Meio Ambiente de Estocolmo. Seus dados, em que o relatório do WWF se baseou, estabelecem "vínculos claros entre o consumo da UE, especialmente de soja e carne bovina, e o desaparecimento não apenas das florestas, mas também dos pântanos e pastos da América do Sul".
Em 2018, 23% das importações europeias de soja tiveram como origem o Cerrado uma das regiões mais ameaçadas do continente, segundo o WWF. "No momento, a UE faz parte do problema, mas, com a legislação apropriada, podemos fazer parte da solução", afirmou a diretora da ONG para as florestas, Anke Schulmeister-Oldenhove.
Em outubro passado, os eurodeputados votaram um relatório que pede à Comissão Europeia mais medidas contra o desmatamento, reforçando a rastreabilidade dos produtos que possam contribuir para o problema e exigindo que os acordos comerciais sejam levados em conta.