"A renda per capita não voltará ao nível anterior à pandemia até 2024, o que causará perdas acumuladas de 30% em relação à tendência pré-pandêmica", apontaram Alejandro Werner, diretor para as Américas do FMI, e outros dois economistas em um blog da entidade.
Em seu último relatório "World Economic Outlook" (WEO) publicado este mês, o FMI melhorou as perspectivas para a América Latina, projetando crescimento do PIB regional de 4,6% este ano, ainda abaixo da média global, de 6%.
Assim, em termos de crescimento econômico, o FMI alertou que "o recente surto do vírus no Brasil, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai, somado à lentidão na distribuição de vacinas (exceto no Chile), prejudica as perspectivas de curto prazo".
Os economistas destacaram que a contração de 7% experimentada pela região em 2020 foi a mais pronunciada do mundo, superando em muito a média mundial, que foi de -3,3%, e acrescentaram que a projeção de crescimento para este ano está abaixo das projeções para os mercados emergentes.
Pelas projeções do organismo, o Brasil - que este ano crescerá 3,7% - recuperará o nível do PIB de 2019 em 2022; O México, com uma previsão de expansão de 5%, retornará ao nível pré-pandêmico em 2023, já que "não há apoio fiscal sólido e espera-se que o investimento fraco continue".
O FMI destacou o caso do Chile, que crescerá 6,2% e onde o programa de vacinação é um dos mais avançados do mundo.
"No Chile, a rapidez da vacinação e as importantes políticas de apoio constituem um reforço no curto prazo. O país deve atingir o patamar do PIB anterior à pandemia este ano", afirmaram os economistas.
Os especialistas da entidade preveem que o plano de alívio promovido pelos Estados Unidos terá efeitos positivos para alguns países centro-americanos por meio do comércio e das remessas e essas nações voltarão ao patamar do PIB anterior à pandemia em 2022.
"As economias caribenhas que dependem do turismo serão as últimas a se recuperar (em 2024) devido à lenta retomada da atividade neste setor", alertaram os economistas.
O FMI alertou que "os mercados de trabalho continuam frágeis: apenas dois terços dos que perderam seus empregos no início da pandemia no Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru o recuperaram no final do ano passado".
E destacou ainda que o setor informal - que foi o que registrou as maiores perdas - tem liderado a recuperação do emprego.
Os especialistas observaram ainda que o fechamento de escolas, que foi mais longo do que em outras regiões, significará uma "deterioração duradoura do capital humano".
Segundo a análise dos técnicos do FMI, a renda dos alunos com entre 10 e 19 anos pode ser, em média, 4% menor ao longo da vida, se os dias perdidos em 2020 não forem compensados.