Não há "provas" que confirmem a retirada da região das forças militares eritreias, acusadas de abusos e cuja saída foi anunciada no final de março pelo primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, que em 2019 recebeu o Prêmio Nobel da Paz por seu papel para acabar com a guerra entre a Etiópia e a Eritreia.
"Infelizmente, devo dizer que nem a ONU nem nenhuma das agências humanitárias com as quais trabalhamos viram evidências da retirada da Eritreia", segundo o discurso de Lowcock, obtido pela AFP. "Sem um cessar-fogo, esta séria crise humanitária só vai piorar", alertou o funcionário, que reiterou "a necessidade de as Forças de Defesa da Eritreia acabarem com as atrocidades e se retirarem. Anunciar não é o mesmo que fazê-lo".
A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, declarou que o país "está horrorizado com as informações que continuam aparecendo sobre estupros e outros tipos de violência sexual inacreditavelmente cruéis". Ela advertiu que a Eritreia "deve retirar suas forças da Etiópia imediatamente".
Mark Lowcock também relatou comentários sobre soldados eritreus vestindo uniformes etíopes, afirmando que "independentemente do uniforme ou insígnia, o pessoal humanitário continua a relatar novas atrocidades que afirmam estar sendo cometidas pelas Forças de Defesa da Eritreia".
No entanto, ele indicou que "os eritreus não são o único ator" na crise e mencionou relatos de "civis atacados e expulsos de suas casas no oeste do Tigré pelas milícias da (região de) Amhara".
O primeiro-ministro Ahmed anunciou no início de novembro o envio do exército federal à região para prender e desarmar os líderes da TPLF (Frente de Libertação do Povo do Tigré), cujas forças de Addis Abeba acusam de atacar campos das forças federais.