"Ele tem dito muitas mentiras", disse o conhecido líder indígena no vídeo divulgado pelo Instituto Raoni nesta sexta-feira (16).
"Se este presidente ruim falar alguma coisa para o senhor, ignore-o (...). Ele [Bolsonaro] está querendo liberar o desmatamento nas nossas florestas, incentivando invasões nas nossas terras", acrescentou.
O líder kayapó, que tem cerca de 90 anos, é internacionalmente conhecido pela sua luta em defesa da preservação da Amazônia.
Raoni pede ajuda a Biden para "encontrar um caminho, uma solução para preservar o meio ambiente".
"Estou triste por saber que tudo o que eu tenho feito em prol do meio ambiente está cada dia mais ameaçado".
Na quinta-feira, a Presidência divulgou uma carta de sete páginas, antes da cúpula dos Chefes de Estado sobre a mudança climática que acontecerá em 22 de abril, na qual Bolsonaro diz estar disposto a trabalhar para cumprir as metas ambientais do país no Acordo de Paris, e para isso pede recursos da comunidade internacional.
A destruição da floresta amazônica, recurso fundamental no combate à mudança climática, aumentou durante a gestão de Bolsonaro.
Em 2019, durante seu primeiro discurso na Organização das Nações Unidas (ONU), Bolsonaro disse que Raoni era usado por governos estrangeiros para impulsionar seus interesses na Amazônia e questionou sua liderança.
Raoni, por sua vez, contestou várias vezes as posições de Bolsonaro, que defende a exploração da mineração e da agropecuária em reservas naturais e terras indígenas.
Em janeiro, o emblemático defensor da Amazônia pediu ao Tribunal Penal Internacional (TPI) para investigar Bolsonaro por "crimes contra a humanidade", por "perseguir" os indígenas, destruir seu habitat e ignorar seus direitos.
"Me ajude e eu também vou te ajudar, para que possamos conseguir somente coisas boas. Eu não sei falar seu nome, mas o meu nome o senhor já conhece. Me chamo Raoni. Não estou aqui de brincadeira. Sempre lutei pela permanência desta floresta", disse o cacique no vídeo gravado em sua língua, com legendas em português e inglês.
SÃO PAULO