O plano consistiu em oferecer ao piloto cubano José Raúl Martínez uma quantia para que "incorresse em riscos para orquestrar um acidente" no voo de volta Praga.
Martínez foi informado sobre a missão por seu contato com a CIA em Cuba, William J. Murray, em uma viagem de carro ao aeroporto.
Na conversa, eles discutiram as "possibilidades limitadas de que o incidente passasse por um acidente" e as dúvidas sobre a capacidade técnica do agente de incorrer em um acidente "sem pôr em risco as vidas de todas as pessoas a bordo".
O piloto, que já trabalhava para a CIA, "buscou se assegurar de que no caso de sua própria morte seus dois filhos receberiam educação universitária", com o que Murray concordou, segundo um despacho citado pelo National Security Archive.
Outro documento publicado indica que depois de iniciada a viagem, o escritório de Washington em Havana recebeu ordens de abandonar a missão, mas não tiveram como contatar o piloto.
Em seu retorno, Martínez informou a Murray "que não teve a oportunidade de arranjar um acidente como haviam discutido".
Estes documentos são publicados coincidindo com a despedida de Raúl Castro da vida política em Cuba. Em Havana, ele anunciou a aposentadoria do cargo de primeiro-secretário do Partido Comunista.
A "trama do acidente" foi descrita em um relatório do comitê do Senado que em 1976 abordou supostas conspirações para assassinar líderes estrangeiros, após uma investigação sobre as operações encobertas da CIA, impulsada pelo senador Frank Church.
Mas o National Security Archive destacou que na ocasião foram omitidos detalhes-chave como que o assassino era um piloto ou que o "acidente" envolvia a aviação civil.
A trama precede vários planos para assassinar o irmão de Raúl, o longevo líder Fidel Castro, e a fracassada invasão da Baía dos Porcos - financiada pela CIA - em 16 de abril de 1961.
Para o historiador do National Security Archive, Peter Kornbluh, "estes documentos são uma recordação de um passado obscuro e sinistro das operações dos Estados Unidos contra a Revolução Cubana".
"Em um momento em que a era dos Castro chega oficialmente a um fim, as autoridades dos Estados Unidos têm a oportunidade de deixar para trás esta carga histórica e se comprometer com um futuro de uma Cuba pós-Castro", disse à AFP.