Jornal Estado de Minas

WASHINGTON

Cifras sobre emprego são revés para agenda de Biden

A economia americana somou apenas 266 mil empregos em abril, um quarto do esperado, e o índice de desemprego subiu 0,1 ponto, o que representa um revés para o presidente Joe Biden, que busca uma reativação econômica após a crise da Covid-19.



Os dados divulgados nesta sexta-feira pelo Departamento do Trabalho mostram que o índice de desemprego se situou em 6,1%, frente a 6% em março, apesar de os analistas terem projetado uma queda para 5,8%.

Em pronunciamento após a divulgação dos dados, Biden disse que resta "um longo caminho pela frente" e lembrou que o país tem 8 milhões de empregos a menos do que antes da pandemia. "Sabíamos que estávamos frente a uma pandemia dessas que acontecem uma vez a cada século, e de uma crise econômica que acontece uma vez por geração", declarou o presidente, para quem a corrida para superar a crise "é uma maratona".

Biden aproveitou a ocasião para pedir ao Congresso que aprove duas propostas de investimento de mais de 4 trilhões de dólares para impulsionar a infraestrutura, fazer a transição para uma economia verde e criar empregos.

- Setores atingidos -

Apesar de os dados divulgados hoje terem mostrado contratações no setor de lazer e nos bares e restaurantes, cujos trabalhadores foram os primeiros a ser demitidos devido à pandemia, os novos postos não compensaram outras perdas de emprego. "Isso é algo em que erramos e que muda como projetamos a recuperação", indicou no Twitter o professor de economia da Universidade do Michigan Justin Wolfers.

A secretária do Tesouro, Janet Yellen, argumentou em entrevista coletiva que os dados das contratações "são um pouco mais sólidos" do que as cifras estampadas nas manchetes mostram. Ela apontou que o número de pessoas que trabalham em meio período por não encontrarem vagas em tempo integral caiu em 600 mil.



- Medo da Covid -

O relatório de abril representa um retrocesso inesperado para o governo Biden, que conseguiu a aprovação no Congresso de um plano de estímulo de 1,9 trilhão de dólares e aposta em uma recuperação graças às vacinas. "É possível que o medo da Covid esteja afastando algumas pessoas do mercado de trabalho, mas isso deve se disssipar com o tempo", indicaram economistas da consultoria Pantheon Macro.

Alguns grupos de empresários, como a Câmara de Comércio americana, argumentaram que os benefícios generosos concedidos devido ao desemprego dificultam algumas empresas de preencher as vagas, uma tese que Biden desconsiderou.

O Departamento do Trabalho também revisou seu importante relatório de março para baixo, apresentando o acréscimo de 770.000 posições, 146.000 a menos do que inicialmente relatado, embora as contratações em fevereiro tenham sido revisadas para cima em 68.000.

A pandemia fez com que o índice de desemprego dos Estados Unidos passasse em dois meses do mínimo em 50 anos, registrado em fevereiro de 2020, quando era de 3,5%, para o máximo desde a Grande Depressão dos anos 1930, registrado em abril, quando chegou a 14,8%. Segundo as últimas previsões do Federal Reserve, divulgadas em março, a taxa de desemprego deverá ceder até o fim do ano e estacionar em um nível de 4,5%.

audima