Jornal Estado de Minas

JERUSALÉM

Fim de semana de alta tensão em Jerusalém Oriental, com centenas de feridos

A tensão continua elevada neste domingo (9) em Jerusalém Oriental, setor da cidade sagrada anexada por Israel onde confrontos entre manifestantes palestinos e a polícia israelense deixaram centenas de feridos nas últimas noites.



Esta manhã, o papa Francisco pediu o fim da violência em Jerusalém. "A violência só alimenta violência. Paremos com esses confrontos", declarou em sua mensagem dominical, destacando que acompanha "com particular preocupação os acontecimentos".

Ele apelou às partes para que garantam "que a identidade multirreligiosa e multicultural da cidade sagrada possa ser respeitada e que a fraternidade prevaleça".

Na sexta-feira à noite, mais de 220 pessoas, em sua maioria palestinas, ficaram feridas em confrontos na Esplanada das Mesquitas entre a polícia israelense e fiéis palestinos reunidos para o iftar, a refeição que rompe o jejum do Ramadã.

Chamada de Santuário Nobre pelos muçulmanos e de Monte do Templo pelos judeus, a Esplanada das Mesquitas é o terceiro local mais sagrado do Islã e o local mais sagrado para os judeus.

Na noite de sábado, novos confrontos ocorreram em Jerusalém Oriental, nas proximidades do Portão de Damasco, em Bab al-Zahra e Sheikh Jarrah, deixando cerca de cem feridos, incluindo menores, de acordo com o Crescente Vermelho Palestino. A polícia israelense reportou 17 policiais feridos e nove prisões.



De acordo com os socorristas, a maioria dos feridos foi atingida por balas de borracha ou bombas de efeito moral. Um fotógrafo da AFP viu uma mulher com o rosto coberto de sangue.

As forças de segurança israelenses também usaram um canhão de água suja para dispersar os palestinos, alguns dos quais lançaram projéteis contra a polícia.

Esta manhã, a Esplanada das Mesquitas estava relativamente calma, mas a tensão permanecia palpável na Cidade Velha, uma vez que os confrontos têm acontecido no final do dia, ou mesmo à noite após o rompimento do jejum.

- Tensões -

No bairro Sheikh Jarrah, palco de protestos diários há vários dias contra o possível despejo de famílias palestinas em benefício de colonos israelenses, muitos palestinos voltaram às ruas na noite de sábado e atiraram pedras contra as forças de segurança israelenses.

A polícia israelense disse que restringiu o acesso à Cidade Velha de Jerusalém Oriental para evitar que os palestinos "participem de distúrbios violentos".

Um ônibus vindo do sul de Jerusalém foi parado e alguns dos passageiros palestinos foram detidos pela polícia, observou um jornalista da AFP.



Há semanas a situação também é tensão na Cisjordânia, outro território palestino ocupado por Israel, onde ocorreram protestos contra as restrições impostas pelo Estado judeu a certas áreas durante o Ramadã e o possível despejo de palestinos.

Os confrontos na Esplanada das Mesquitas dos últimos dias são os mais violentos desde 2017, quando Israel decidiu colocar detectores de metal na entrada do local, antes de voltar atrás.

O Hamas, movimento islâmico palestino que controla a Faixa de Gaza, pediu aos palestinos que permaneçam na Esplanada até quinta-feira - dia que marca o fim do Ramadã - e ameaçou Israel com ataques se a Suprema Corte aprovar, em decisão esperada para segunda-feira, as expulsões de Sheikh Jarrah.

Na Faixa de Gaza, soldados israelenses dispararam gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes palestinos reunidos perto da barreira de separação.

Balões incendiários também foram lançados na noite de sábado de Gaza em direção ao sul de Israel, mas sem causar danos, de acordo com as autoridades israelenses.



E um foguete foi lançado esta manhã, informou o exército, dizendo que sua força aérea retaliou atingindo "um posto militar do Hamas" no sul da Faixa de Gaza.

Sobre os confrontos em Jerusalém Oriental, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu advertiu que Israel "continuará garantindo a liberdade de culto, mas não permitirá tumultos violentos" e que "irá reagir com força".

Após a violência de sexta, os Estados Unidos apelaram às "autoridades israelenses e palestinas a agirem para acabar com a violência". Também expressaram preocupação com "a possível expulsão de famílias palestinas de Sheikh Jarrah".

No Golfo, a Arábia Saudita denunciou as possíveis expulsões, enquanto Irã, Tunísia, Paquistão, Turquia, Jordânia e até Egito condenaram as ações israelenses.

O Marrocos afirmou neste domingo que acompanha com "profunda preocupação" a violência em Jerusalém Oriental.

Expressando "profunda preocupação" com a violência em Jerusalém, o Quarteto do Oriente Médio (EUA, Rússia, ONU, UE) pediu a Israel "moderação".

Na ONU, a Tunísia, membro do Conselho de Segurança, convocou uma sessão do Conselho na segunda-feira sobre a situação nos territórios palestinos ocupados.

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