"O fluxo de remessas permaneceu resiliente em 2020, registrando um declínio menor do que inicialmente projetado.
As remessas oficialmente registradas para países de baixa e média renda totalizaram 540 bilhões em 2020, apenas 1,6% abaixo do total de 548 bilhões em 2019", informa o Banco em relatório publicado nesta quarta-feira(12).
No mundo, o país que mais recebe remessas é a Índia, seguida pela China, México, Filipinas e Egito.
Por outro lado, se levado em conta o que essas remessas representam em relação ao produto interno bruto, os cinco países onde esse fluxo é mais importante são Tonga, Líbano, República do Quirguistão, Tadjiquistão e El Salvador.
- O caso latino-americano -
Os envios para a América Latina - região que registrou contração de 7% do PIB em 2020 - mostraram força excepcional, com aumento de 6,5% para US $ 103 bilhões.
"Os fluxos de remessas têm mantido mais resiliência na América Latina em comparação com outras regiões do mundo e em relação a muitos outros tipos de fluxos de recursos, como o investimento estrangeiro direto", disse o Banco.
Dilip Ratha, principal economista do Banco Mundial, especialista em migração e remessas, explicou à AFP que o desempenho das remessas enviadas para a América Latina foi uma "surpresa".
"Parece que não houve crise", disse o especialista que acredita que esses fluxos tiveram um efeito "anticíclico".
Ratha destacou que, sem essa ajuda, os níveis de pobreza teriam sido ainda piores, assim como a insegurança alimentar em países como Honduras ou Nicarágua.
O economista destacou que essa força também possibilitou o financiamento de gastos com saúde da família, fundamental em meio a uma crise como a pandemia de covid-19.
- Remessas dos EUA se mantêm, as da Espanha caem -
Na análise dos envios de remessas para a região, observam-se duas tendências bem distintas: a dos migrantes assentados nos Estados Unidos que mantiveram suas transferências e a dos que emigraram para a Espanha ou para outros países da região que restringiram a ajuda.
O Banco Mundial explicou que um dos motivos é o pacote de estímulos implementado pelos Estados Unidos, uma vez que neste país muitos migrantes podem trabalhar e receber ajuda governamental.
Um caso notável, segundo o Banco, é o do México, onde a crise parecia não ter afetado o fluxo de entrada de remessas. Os envios registraram aumento de 9,9% em 2020, altao que, segundo o Banco, se deve à forte desvalorização do peso em relação ao dólar nos primeiros meses do ano passado.
O México recebeu em 2020 cerca de 40 bilhões de dólares em remessas de acordo com dados oficiais mexicanos, montante que permitiu às famílias resistir ao golpe econômico do coronavírus.
O valor médio por remessa subiu para 370 dólares por mês em 2020, de acordo com o banco central Banxico, que informou que as remessas em março passado atingiram um recorde histórico de 4,1 bilhões de dólares.
No caso do dinheiro enviado ao México, o aumento também se explica pelo fato de muitos trabalhadores estarem empregados em setores considerados essenciais nos Estados Unidos e terem continuado trabalhando durante os confinamentos.
No caso da Espanha - que abriga 10% dos migrantes latino-americanos - os envios caíram 16% no caso da Bolívia, 12,4% no caso do Paraguai e 11,7% no Peru.
Enquanto isso, as transferências de dinheiro de migrantes da região caíram 20%.
Para 2021 e 2022, as perspectivas para a América Latina são positivas e espera-se um aumento de 4,9% e 4%, respectivamente, nas transferências de dinheiro.
Enquanto isso, globalmente, o Banco espera um aumento de 2,6% em 2021 para 553 bilhões e um aumento de 2,2% em 2022 para chegar a 565 bilhões.
WASHINGTON