Mesmo com o respeito ao cessar-fogo selado na quinta-feira, 20, após 11 dias de confronto entre Israel e Hamas, a tensão no Oriente Médio ressurgiu em Jerusalém, onde manifestantes palestinos voltaram a enfrentar a polícia israelense na Esplanada das Mesquitas, nesta sexta-feira, 21.
Segundo a polícia, protestos começaram depois das preces de sexta-feira na Mesquita de Al-Aqsa. Manifestantes arremessaram pedras e bombas caseiras contra policiais e foram dispersados.
De acordo com o Crescente Vermelho, ao menos 21 palestinos ficaram feridos. Outros confrontos foram registrados em outras cidades da Cisjordânia.
Confrontos na Esplanada das Mesquitas foram o estopim para a atual crise, há 12 dias.
Jerusalém: palestinos e israelenses entram em confronto após cessar-fogohttps://t.co/WrWdft9uCo pic.twitter.com/OTEBILWCc6
— Estado de Minas (@em_com) May 21, 2021
Desta vez, no entanto, a trégua segue mantida. "Desde as 2h não se detectou nenhum lançamento de foguete, e os aviões (das Forças Armadas) voltaram para suas bases", anunciou o Exército israelense.
Celebrações do lado palestino
Após o anúncio da trégua, milhares de palestinos saíram às ruas de Gaza para festejar o fim dos bombardeios israelenses.
Manifestações ocorreram em cidades da Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, ocupados. "É a euforia da vitória", disse Khalil al-Haja, número dois do gabinete político do Hamas na Faixa de Gaza, um enclave submetido a bloqueio israelense há quase 15 anos.
"Nosso povo se levantou para defender a Mesquita de Al-Aqsa de peito aberto e provar ao mundo todo que Jerusalém é nossa e a mesquita é uma linha vermelha", disse o líder do Hamas, Ismail Haniyeh.
Repercussão internacional
O presidente americano, Joe Biden, agradeceu ao Egito pelo papel desempenhado no cessar-fogo, que chamou de "oportunidade genuína para avançar" rumo à paz entre israelenses e palestinos.
O Egito enviará duas delegações a Tel-Aviv e aos Territórios Palestinos para "supervisionar a aplicação do cessar-fogo", informaram fontes diplomáticas do Cairo.
A União Europeia também celebrou o anúncio e recordou que "a situação na Faixa de Gaza é insustentável há muito tempo", enquanto a Alemanha, que também elogiou a iniciativa, advertiu que agora é necessário "abordar as causas profundas do conflito para encontrar uma solução" para a região.
O papa Francisco também aplaudiu o cessar-fogo e pediu a toda Igreja Católica que reze pela paz. "Agradeço a Deus pela decisão para se deter os conflitos armados e os atos de violência e rezo pela continuação da via do diálogo e da paz", declarou. Segundo o papa, uma vigília de Pentecostes será celebrada na Igreja de Santo Estêvão de Jerusalém para "reivindicar o presente da paz".
Os bombardeios aéreos e os disparos de artilharia e de foguetes deixaram, em 11 dias, as mortes de pelo menos 232 palestinos, incluindo 65 menores de idade, e 1.900 feridos, segundo as autoridades de Gaza. Em Israel, os foguetes palestinos mataram 12 pessoas, incluindo uma criança e uma adolescente, e deixaram 355 feridos, segundo a polícia. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)