O chefe do movimento separatista saharaui, apoiado pela Argélia, viajou "com documentos falsos e uma identidade usurpada", afirmou neste sábado (22) Fouad Yazourh, alto cargo do ministério das Relações Exteriores marroquino.
"Deveria haver uma investigação --que esperamos que seja transparente-- para esclarecer o caso", acrescentou.
Segundo o funcionário, o Marrocos, que "revelou em 19 de abril" sua presença na Espanha, dispõe de informações sobre as "cumplicidades" das quais Ghali se beneficiou antes de sua saída, e espera "revelar mais elementos quando for oportuno".
A Justiça espanhola abriu nesta semana um processo contra Ghali por "crimes contra a humanidade", após uma velha queixa apresentada pela Associação Saharaui para a Defesa dos Direitos Humanos, que o acusa de "violações dos direitos humanos" de dissidentes dos acampamentos de Tinduf (oeste da Argélia).
O responsável de 75 anos já havia sido citado para comparecer em 1º de junho por outra queixa sobre "torturas" apresentada por Fadel Breika, dissidente do Polisário, naturalizado espanhol.
Ghali foi hospitalizado em abril em um estabelecimiento de Logroño (norte) depois de se infectar com covid-19, e seu estado de saúde está em "constante melhora", segundo o Polisário.
Sua presença na Espanha causou "a exasperação" do Marrocos, que o considera "um criminoso de guerra".
A Espanha justificou sua transferência por "razões estritamente humanitárias".
O Polisário milita pela independência do Saara Ocidental, ex-colônia espanhola controlada majoritariamente pelo Marrocos, que propõe uma autonomia sob sua soberania.