Único sobrevivente da queda de um teleférico que deixou 14 mortos na Itália, o garoto Eitan Biran, de apenas 5 anos, foi salvo por um sacrifício do seu pai, que morreu na tragédia. Segundo o jornal italiano "Corriere dela Sera", ele foi abraçado pelo pai no momento da queda, o que provavelmente evitou que ele sofresse danos cerebrais ou na espinha.
"Para sobreviver ao terrível impacto, é provável que o pai, com uma constituição robusta , tenha envolvido seu filho em um abraço instintivo, antes de morrer", disse ao jornal italiano uma fonte no hospital infantil Regina Margherita, em Turim, onde ele foi atendido após a tragédia e segue internado, em estado considerado grave, mas estável. Ele teve traumatismo cranioencefálico e fratura nas pernas.
O pai de Eitan, Amit Biran, de 30 anos, não sobreviveu. O menino também perdeu a mãe, Tal Peleg, 26, e o irmão Tom, de apenas 2. Eles eram israelenses mas moravam na Itália há seis anos. Eles estavam recebendo a visita do avô de Tal, Itshak Cohen, de 81, e de sua esposa Barbara Konisky, 71, que também morreram na queda do teleférico.
Governo promete investigar tragédia
O governo italiano prometeu investigar de maneira profunda a queda de uma cabine de teleférico que matou 14 pessoas, incluindo cinco israelenses, em Stresa, na região norte do país.
"Vamos jogar luz sobre todas as circunstâncias que envolveram a tragédia. Criamos um comitê especial para isto", afirmou o ministro dos Transportes, Enrico Giovannini, em uma entrevista no local do acidente.
O Ministério Público de Milão abriu uma investigação por "homicídio culposo e negligência".
Os funerais das vítimas israelenses vão ser na quarta-feira em Israel, segundo informou o presidente da comunidade judaica de Milão, Milo Hasnabi.
Rompimento de cabo teria sido a causa
O acidente aconteceu no domingo (23), a 100 metros da última estação do teleférico que percorria o trajeto do lago Maior até a montanha de Mottarone, de 1.490 metros de altitude.
De acordo com as equipes de resgate, a tragédia teria sido provocada pela ruptura de um cabo de carga, o que provocou a queda da cabine com 15 pessoas em seu interior.
A cabine desabou de uma altura de 15 metros e depois rolou por uma parte da ladeira, antes de bater em uma árvore.
As autoridades descartaram um problema de sobrecarga, pois as cabines podem transportar mais de 35 passageiros.
O acidente aconteceu no dia em que a Itália autorizou a abertura das instalações para turistas em toda península, após meses de fechamento pelas restrições impostas pela pandemia da covid-19.
Muitas críticas foram feitas ao estado das infraestruturas em todo país, e muitas pessoas recordaram o colapso da ponte Morandi, em Gênova, em 2018, que deixou 43 mortos.
"É evidente que em nosso país algo não funciona na área de controle de segurança do transporte", comentou Carlo Rienzi, presidente da Codacons, a maior associação de consumidores do país.
"Temos uma rede de infraestruturas antigas, do pós-guerra, da época do boom econômico (de 1960 a 1970)", recordou à AFP Gianpaolo Rosati, professor de Tecnologia da Construção do Instituto Politécnico de Milão.
O ministro dos Transportes se reuniu nesta segunda-feira com autoridades locais e regionais.
"Todas as instituições estão trabalhando juntas, não apenas para evitar que isto se repita, mas também para ajudar os afetados e seus familiares (...) É importante entender a dinâmica do que aconteceu", declarou.
"Trata-se de suposições, mas acredito que aconteceu um problema duplo: a ruptura do cabo e o mau funcionamento do freio de emergência", afirmou o comandante regional dos socorristas, Matteo Gasparini, citado pelo jornal La Stampa.
"Não sabemos por que o freio não foi acionado", completou.
O teleférico acidentado ficou fechado entre 2014 e 2016 para trabalhos de reforma e manutenção.