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Estado de Minas LONDRES

Relatório aponta islamofobia persistente do Partido Conservador britânico


25/05/2021 12:52 - atualizado 25/05/2021 12:55

O Partido Conservador do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, enfrenta um problema persistente de islamofobia em nível local, ou individual - concluiu um relatório independente sobre a discriminação dentro desta sigla divulgado nesta terça-feira (25).

"O sentimento antimuçulmano continua sendo um problema dentro do partido. É prejudicial ao partido e provoca rejeição por uma parte importante da sociedade", diz o relatório, que analisou 1.418 denúncias de discriminação apresentadas entre 2015 e 2020, relacionadas com 727 incidentes. Dois terços deles se referiam a muçulmanos.

Este sentimento antimuçulmano é detectado em nível local, ou individual, segundo o documento, que afirma, porém, não ter identificado qualquer "racismo institucional" no tratamento das denúncias.

"Em nome do Partido Conservador, quero pedir desculpas a todos aqueles que se sentiram feridos por um comportamento discriminatório, ou desamparados por nostro sistema", reagiu a copresidente do partido, Amanda Milling.

A deputada reconheceu "falhas" na gestão das denúncias, mas assegurou que o partido está "comprometido com corrigir estes erros", assim como a "trabalhar mais duro para erradicar todas as formas de discriminação".

Os conservadores adotarão todas as recomendações do informe e apresentarão seu plano para aplicá-las "em um prazo de seis semanas", prometeu Amanda.

Entre elas, estão uma revisão do sistema de gestão de denúncias, uma maior transparência no tratamento destas denúncias, um código de conduta claro para todos os membros, além de treinamento e revisão das regras para as redes sociais.

Acusado de permitir que a islamofobia ganhasse espaço entre seus correligionários, em dezembro de 2019, o partido no poder encarregou o professor de psicologia Swaran Singh, ex-membro de uma comissão nacional de igualdade, do tão esperado estudo sobre a discriminação em suas fileiras.

A encomenda do relatório foi feita pouco depois da vitória esmagadora dos conservadores nas eleições legislativas, em um momento em que a oposição trabalhista enfrentava acusações de antissemitismo crônico.

O próprio Boris Johnson foi amplamente criticado por escrever um artigo em 2018, quando era ministro das Relações Exteriores, no qual comparava mulheres muçulmanas que usam o véu integral a "caixas de correio", ou "ladrões de banco".

Isso acentua a impressão, de acordo com o relatório, de que "o partido e seus líderes não têm consideração pelas comunidades muçulmanas".

Johnson disse "lamentar" que suas palavras tivessem sido ofensivas. "Usaria hoje algumas das dolorosas palavras dos meus escritos anteriores? Não, não agora que sou primeiro-ministro", respondeu ele no informe.


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